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Perfil conservador:

? Não suporta volatilidade dos mercados de renda variável

? Vai precisar utilizar os recursos no curto prazo (até dois anos)

? Não pode perder nenhum tostão investido

? Aplica 100% do dinheiro em renda fixa (fundos, CDB, poupança, títulos públicos)

 

 

 

 

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?Quero, mas desconfio?

Perfil moderado

? Tem mais estômago para correr riscos, mas não muito

? Precisará dos recursos no médio prazo (dois a cinco anos)

? Quer ganhar um pouco mais que a renda fixa tradicional

?Aplica até 20% em renda variável (ou fundos multimercado com esse perfil)

 

 

 

 

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?Topo tudo?

Perfil agressivo

? Não se desespera quando a bolsa despenca e suas ações derretem

? Pode perder parte ou totalidade dos recursos investidos

? Não precisará dos recursos antes de dez anos

? Aplica pelo menos 40% em renda variável, como ações, fundos de ações, multimercados e derivativos

 

 

 

Pretende investir em fundos mútuos mais arriscados no ano que vem? Então prepare o papel e a caneta ? ou simplesmente o teclado do computador. A partir de 4 de janeiro de 2010, quem quiser comprar cotas de fundos de bancos de varejo terá de responder antes a um questionário para revelar seu apetite verdadeiro pelo risco dos investimentos. A iniciativa é da recém-criada Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e Nacional, a Anbima, resultado da fusão da Anbid com a Andima. A Análise do Perfil do Investidor (API) poderá ser física ou virtual e terá um pacote de perguntas para ajudar as instituições a descobrir quais são as características do interessado em ser cotista de um fundo de ações, multimercado ou de crédito privado. Em princípio, esses tipos de fundo oferecem mais risco que os de renda fixa e DI. Dentre as principais questões avaliadas estarão o horizonte de investimento, a necessidade de liquidez e a tolerância ao risco. Conforme a pontuação obtida com a soma das respostas, o investidor será considerado conservador, moderado ou agressivo, as três conhecidas características do poupador brasileiro (leia quadros acima). A partir daí, será desenhada uma estratégia adequada ao perfil individual.

Esse crivo não significa que as pessoas serão rotuladas e obrigadas a investir em determinados fundos, mas sim que os bancos e os investidores terão consciência de que os investimentos mais adequados serão oferecidos a cada um. No jargão do mercado financeiro, é o que se chama de suitability, um instrumento para dar maior transparência na relação entre quem compra e quem vende um produto financeiro. O principal objetivo é evitar que um fundo mais arriscado seja ?empurrado goela abaixo? de uma pessoa sem que ela saiba em detalhes os motivos pelos quais está comprando e se tornando um investidor. Isso vai evitar reclamações de quem aderiu a um fundo para agradar ao gerente ou copiar o amigo, mas não mediu sua tolerância aos altos e baixos dos produtos de renda variável, como as ações. ?Ninguém mais vai vender um fundo só para bater a meta do banco?, avisa Marcos Villanova, coordenador de produtos de varejo da Anbima e diretor do Bradesco. Essa é uma ótima notícia, especialmente para os investidores com menos familiaridade e informação sobre os mercados. ?É uma boa tentativa de aproximar o produto financeiro das necessidades dos clientes?, diz William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.

Até 22 de outubro, os seis maiores bancos brasileiros tinham R$ 928,6 bilhões sob gestão, o que representa 40,6% do total da indústria de fundos de investimento. É um dinheirão que vem da soma de quantias pequeninas de inúmeros poupadores. É esse pequeno investidor que será protegido com o API, que poderá ser utilizado numa eventual disputa judicial com o banco. ?É uma segurança jurídica e uma maneira de prestar atenção ao risco que se tem na carteira?, diz Alexandre Póvoa, sócio da Modal Asset Management. Os clientes mais abastados, que têm patrimônio aplicado superior a R$ 300 mil, são classificados como investidores qualificados e, portanto, assumem a responsabilidade pelas aplicações que fazem em alternativas mais arriscadas de renda variável e derivativos.

Criado como um código de autorregulação, o API já tem sua base de perguntas pronta. Ele será simplificado, mas cada banco poderá adequar conforme sua estratégia para conhecer o seu cliente. ?O padrão, que não é fraco de conteúdo, será o mínimo?, diz Villanova. Nenhuma instituição quer adiantar, ainda, o que está preparando. Algumas perguntas são óbvias para se medir a tolerância aos riscos. Você está preparado para perder uma parcela ou a totalidade do dinheiro investido? Quando vai precisar resgatar os recursos? O que pretende fazer no futuro com esse dinheiro? Já investiu em ações? Suporta com tranquilidade as oscilações bruscas nos preços dos papéis no dia a dia? Conforme as respostas, são recomendadas aplicações (ou carteiras com variadas combinações) com maior ou menor volatilidade. Geralmente, os fundos de renda fixa ? que aplicam em papéis do governo e dívida corporativa ? são mais atrativos para investidores conservadores, que precisarão dos recursos em pouco tempo ou que não podem perder patrimônio nas baixas dos mercados. Os fundos de ações e os mistos, ou multimercados, são recomendados para investidores mais agressivos, que têm um horizonte de longo prazo para a aplicação (acima de oito anos ou dez anos) e suportam perdas significativas no curto prazo. Os investidores moderados, que ficam no meio do caminho, podem tentar combinações com até 20% de renda variável.

Apesar de todos os cuidados na definição do perfil, ninguém é obrigado a seguir a alocação sugerida pelo gerente do banco. O cliente que se recusar a preencher o questionário será classificado como ?sem perfil? e terá que assinar um termo assumindo todos os riscos dessa atitude. Da mesma maneira, quem quiser participar de um fundo mais arriscado do que o perfil registrado no questionário colocará sua concordância em uma carta em que assume os riscos de estar com um pé na caldeira que não é dele. Esses dois comportamentos, que fogem do padrão combinado pela autorregulação, serão seguidos pela Comissão de Valores Mobiliários. O xerife do mercado de capitais checará se foi o cliente ou a instituição financeira que empurrou o questionário de lado. Como esse desenvolvimento foi aceito e aprovado por todos os bancos de varejo, não está prevista nenhuma punição para quem descumprir as regras. No fundo, todos sairão ganhando. ?Esse é um benefício e uma educação adequada para o pós-crise?, afirma Maurício Gentil, analista especializado em fundos de investimento.