22/09/2025 - 7:00
Desde junho, trabalhadores que tinham o chamado ‘crédito consignado de convênio’ contratado podem migrar para a modalidade ‘Crédito do Trabalhador‘, ou ‘Consignado CLT‘. Segundo o governo, em três meses, mais de R$ 15,7 bilhões em contratos antigos de empréstimos consignados de convênio foram migrados para a modalidade Crédito do Trabalhador.
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A taxa de juros média ficou em 2,65%. Os dados são referentes a até 16 de setembro, e, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, responsável pelo programa, a expectativa é que R$ 40 bilhões em contratos antigos sejam migrados até outubro.
Os contratos antigos pertencem a funcionários que trabalham ou trabalhavam em empresas que tinham parcerias com bancos para oferecer empréstimos com desconto das parcelas no salário. Esse modelo será extinto em novembro.
No modelo antigo, as empresas privadas tinham de fazer convênios com determinado banco para possibilitar o desconto na folha de pagamento. O trabalhador CLT tinha a opção de pegar o crédito consignado apenas na instituição com a qual o empregador assinou o convênio e compartilhou os dados funcionais.
Como fazer a migração de contrato de empréstimo
- Para migrar para o Crédito do Trabalhador, o interessado deve entrar em contato com a instituição financeira de sua escolha e solicitar a substituição da dívida antiga por um novo crédito com juros mais baixos.
- No entanto, o banco original, onde está o contrato atual, poderá fazer uma contraproposta para cobrir a oferta da outra instituição. Caso não cubra a oferta, será obrigado a liberar o contrato para a realização da portabilidade.
- O pedido pode ser feito diretamente nas agências bancárias, nos aplicativos dos bancos ou no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.
O que avaliar ao migrar um contrato de crédito
A pedido de IstoÉ Dinheiro, Jorge Kotz, CEO do Grupo X, focado em educação empresarial, apontou os cuidados e avaliações que o trabalhador deve ter quando for realizar um pedido de portabilidade de empréstimo. Veja:
1. identificar exatamente sua dívida atual, montar um quadro completo, com saldo devedor atualizado, taxa de juros nominal e efetiva, Custo Efetivo Total (CET), prazo total e remanescente, valor da prestação atual, sistema de amortização e data de vencimento final, todos esses dados são garantidos por lei, e o banco atual tem obrigação de fornecê-los rapidamente;
2. simular com calma as propostas de outros bancos ou instituições financeiras. Comparar a taxa de juros é essencial, mas fundamental mesmo é comparar o CET, verificar se há custos extras como abertura de conta, ou outras taxas auxiliares; na portabilidade em si não pode haver tarifa, mas custos acessórios podem existir;
3. avaliar qual vai ser o impacto no orçamento imediato. Se as parcelas cabem no seu orçamento hoje, ótimo. Mas vale calcular o total que vai pagar até o fim, prazos mais longos podem reduzir a prestação, mas aumentar o montante total dos juros pagos.
4. observar reputação e atendimento da instituição de destino, taxas menores não valem se o suporte for ruim; consulte reclamações, canais de atendimento, rapidez, transparência
Outras dicas:
5. a portabilidade leva cerca de 7 a 10 dias úteis, mas isso pode variar; ideal acompanhar de perto para garantir que tudo ocorre conforme combinado;
6. entender seus direitos e garantias, a antiga instituição não pode negar a portabilidade, e tem prazos para responder ou fazer contraproposta; se nada fizer, troca de banco acontece automaticamente;
7. refletir sobre o propósito financeiro, o equilíbrio das contas. Se a nova condição traz economia real, alívio mensal, segurança em pagar as parcelas, isso contribui com seu planejamento financeiro. Se fizer a troca de contrato apenas por prazos e não traz leveza, talvez valha repensar
Consignado CLT
Em seis meses (até 18 de setembro), R$ 50 bilhões em crédito já foram contratados por mais de 5,4 milhões de trabalhadores, divulgou o governo. Atualmente, o programa conta com 122 instituições financeiras habilitadas, das quais 64 já realizam operações.
No aplicativo Carteira de Trabalho Digital, o trabalhador autoriza o compartilhamento de seus dados (como CPF, tempo de empresa e margem disponível).
- O profissional terá que autorizar o acesso a dados como nome, CPF, margem do salário disponível para consignação e tempo de empresa, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
- além de funcionários de empresas privadas, também poderão solicitar o novo consignado empregados domésticos, trabalhadores rurais, e funcionários de MEIs (microempreendedor individual).
- O trabalhador receberá ofertas em até 24h para analisar a melhor opção e fazer a contratação no canal do banco.
- O trabalhador pode usar como garantia até 10% do saldo no FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão.
- O desconto das parcelas será na folha de salários, mensalmente pelo eSocial. Após a contratação, o trabalhador acompanha mês a mês as atualizações do pagamento das parcelas.
- O trabalhador escolhe a melhor proposta, com juros menores;
- Até 35% da renda mensal podem ser comprometidos com o empréstimo.
- No caso de demissão, o desconto será aplicado sobre as verbas rescisórias, observado o limite legal.
*Com informações de Agência Brasil