Em duas das 10 novas ações ajuizadas na semana passada contra o  governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB), o Ministério Público do  Estado afirma que o Consórcio Emsa/Rivoli/Construsan, responsável pela  construção da ponte sobre o Rio Pau Seco, cobrou 396% a mais pelo metro  quadrado do projeto executivo. As obras são parte das ‘Pontes Fantasmas  do Tocantins’, investigadas pela Promotoria.

Nas novas  ações sobre as pontes dos rios Pau Seco e Brejo Grande, a Promotoria  aponta superfaturamento dos valores do projeto e cita o Departamento de  Estradas de Rodagem do Estado do Tocantins (Dertins). A força-tarefa  relata ainda que o projeto executivo foi feito pelas mesmas empresas que  executaram depois a obra.

“Na planilha de custos geral do  Dertins o valor para o projeto executivo em 1998 era de R$ 18,08 o metro  quadrado. Desconsiderando o valor geral praticado pelo Dertins, o valor  cobrado pelo Consórcio Emsa/Rivoli/Construsan para o item projeto  executivo foi de R$ 122,42 o metro quadrado, acréscimo de 396%, conforme  discriminado no laudo pericial anexo”, afirma o Ministério Público do  Estado.

O Ministério Público do Estado apura contratos de  mais de 100 obras de pontes no Tocantins. Foram ajuizadas mais de 50  ações por ato de improbidade administrativa e de 20 ações de  ressarcimento dos danos causados ao erário. Uma força-tarefa foi criada  na Promotoria para investigar fraudes e irregularidades na construção de  pontes no Estado.

A força-tarefa afirma que as pontes  foram construídas como parte do Contrato 403/1998, firmado entre a  Secretaria da Infraestrutura e o consórcio de empresas liderada pela  Emsa – Empresa Sul Americana de Montagens. O contrato, assinado em 7 de  dezembro de 1998, tinha valor inicial de R$ 411.645.172,21.

À  época, seu valor era superfaturado em 57,09%, segundo o Ministério  Público do Tocantins. O contrato sofreu nove aditivos, entre 2001 e  2007, ‘com atualizações feitas ilegalmente’, de acordo com a Promotoria,  em dólar, chegando a R$ 1.416.914.271,14.

Em julho de  2015, o Ministério Público do Tocantins obteve, na Justiça, liminares de  bloqueio de bens imóveis em ações judiciais que apontam irregularidades  na construção de pontes, realizadas por meio do Contrato 403/98.

“As  ações civis públicas ajuizadas resultam de mais de dois anos de um  trabalho inédito do Ministério Público do Estado: uma força-tarefa  formada em abril de 2010 por deliberação do Colégio de Procuradores de  Justiça, integrada por cinco Promotores de Justiça designados pelo  Procurador-Geral, que está investigando irregularidades na execução do  Contrato 403/98, firmado entre o Governo do Estado e o consórcio de  empresas, para a execução de obras de infraestrutura (terraplanagem,  pavimentação asfáltica e construção de pontes)”, aponta a Promotoria.

Ao  serem questionados, na semana passada, sobre as novas ações, a  assessoria do governador Marcelo Miranda (PMDB-TO) e as empreiteiras que  formam o Consórcio não retornaram.

Quando o caso das  ”Pontes Fantasmas do Tocantins” estourou, a defesa de Marcelo Miranda  atribuiu à gestão do ex-governador Siqueira Campos (PSDB/TO) o contrato  para as obras investigadas. Campos alegou que apenas fez os contratos  iniciais e não acompanhou o andamento das obras.