O setor de consórcio tem batido recordes, e movimentou R$ 222 bilhões no primeiro semestre de 2025, com um crescimento de 19% nas adesões nos últimos três anos. E esse aumento tem participação especial da Geração Z, que vem olhando mais para esse tipo de produto. No último ano, a participação de jovens de 18 a 29 anos em consórcios cresceu 8,9%.

Mas o que tem feito os mais jovens a procurarem por esse modelo de crédito para atingir seus objetivos? De acordo com Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, são vários fatores combinados que explicam essa maior procura.

O primeiro citado pelo professor é o alto custo de juros nos financiamentos atuais, com o cenário de taxa Selic em patamar recorde no Brasil, a 15% ao ano. “Em ambientes de juros elevados ou instáveis, financiamentos tradicionais (bancos, empréstimos para aquisição de carro ou imóvel) ficam muito caros”, destaca ele.

Assim, Piellusch aponta que o consórcio oferece uma alternativa de parcelamento sem juros sobre o crédito, ou com juros diluídos (taxas administrativas), o que atrai os jovens que querem evitar esse peso.

Outro ponto citado é o planejamento financeiro, “já que muitos jovens não têm urgência total para adquirir o bem imediatamente, ou aceitam esperar se isso significar pagar menos. Eles estão mais dispostos a planejar a longo prazo para conquistar patrimônio, como conquistar imóvel próprio ou veículo evitando taxas pesadas”, ressalta.

O professor ainda diz que as parcelas de consórcios de bens menores (motos, itens mais simples, etc.) são relativamente menores, e isso permite que pessoas com menor renda ou que estão começando sua vida financeira façam compromisso mensal gerenciável.

Por fim, ele destaca que o cenário macroeconômico do Brasil favorece, com desemprego em queda, alguma estabilidade na inflação, expectativas de crescimento de renda e melhora na capacidade de crédito.

“Isso deixa os jovens mais confiantes em assumir compromissos relativamente mais longos”, ressalta o professor da FIA Business School.

Para Itamar Filho, gerente comercial de Cobrança e Consórcio do Sicoob, esses pontos se somam a uma geração mais consciente financeiramente, que valoriza o planejamento, a disciplina de poupar e o consumo responsável.

Quais tipos de consórcios existem

Apesar de consórcios de veículos serem os mais conhecidos popularmente, o setor conta com uma diversidade grande de produtos, que vai desde os mais comuns até modalidades especializadas:

ModalidadeExemplos / O que se pode adquirir
VeículosCarros, motos, veículos leves. Muito procurados.
ImóveisApartamentos, casas, imóveis comerciais ou residenciais, novos ou usados.
ServiçosViagens, eventos (festa, formatura), procedimentos médicos ou estéticos.
Bens especiaisMotos, embarcações, maquinário agrícola ou equipamentos específicos.
Consórcio empresarial / bens de uso produtivoMáquinas, equipamentos industriais ou agrícolas.

“Essa diversidade amplia as possibilidades para diferentes perfis de consumidores, desde quem está começando a planejar o primeiro carro até quem busca investir em um imóvel, abrir um negócio ou até diversificar seu patrimônio”, ressalta Francis Silva, CFO do Mycon.

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