O setor da construção civil vê com preocupação os potenciais impactos das tarifas de 50% do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil no Produto Interno Bruto (PIB) doméstico, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, nesta segunda-feira, 28.

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“Preocupa bastante o impacto disso na economia como um todo”, afirmou Correia após apresentação do desempenho do setor no segundo trimestre. “Para a construção civil, que usa muito pouco a exportação, é muito mais o reflexo disso na nossa economia, na geração de emprego e na geração de PIB. Nós temos um crescimento muito atrelado ao PIB.”

Segundo o presidente, o receio do setor é em relação ao quanto as tarifas norte-americanas, previstas para entrarem em vigor a partir de sexta-feira, podem afetar negativamente o PIB. “Vamos ter que acompanhar os desdobramentos disso”, acrescentou.

A indústria da construção civil tem experimentado um bom momento, com o setor alcançando em maio o maior número de trabalhadores formais em mais de 10 anos, segundo análise da Cbic com base em dados do Caged, mas a entidade tem apontado incertezas à frente, diante de juros elevados, custos acima da inflação e outros fatores que citou como desafios para 2025.

A Cbic manteve projeção de crescimento de 2,3% para o setor em 2025, desaceleração em relação à expansão de 3,4% em 2024.

Para a economista-chefe da entidade, Ieda Vasconcelos, a estimativa carrega um “leve otimismo”, sustentado pela inércia de lançamentos anteriores, que ainda geram atividade e emprego. Mas, segundo a Cbic, as expectativas para novos empreendimentos e serviços caíram para o segundo menor patamar do ano.

“Estamos vivenciando o reflexo do que foi lançado nos últimos dois anos. Se o atual ambiente de juros elevados persistir, há risco de desaceleração mais acentuada a partir de 2026”, disse Ieda em comunicado que acompanha a apresentação.

A entidade também chamou atenção para uma redução de 62,9% na quantidade de unidades financiadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) nos primeiros cinco meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, ressaltando o custo de crédito elevado com a Selic a 15% ao ano.