Há uma maior disposição entre os brasileiros de aumentar os gastos com bens de maior valor agregado, como móveis e eletrodomésticos, nos próximos 12 meses. De acordo com a pesquisa inédita Retratos da Sociedade Brasileira nº 60, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 41% dos brasileiros afirmam que vão consumir mais produtos industriais neste ano do que no ano passado, 41% dizem que vão manter o consumo do último ano e, apenas 15% dos entrevistados acreditam que devem comprar menos.

Foram ouvidas 2.012 pessoas nos 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

A expectativa de aumento dos gastos com bens de maior valor nos próximos 12 meses é maior entre os mais jovens: Mais de 45% daqueles que têm entre 16 e 40 anos acreditam que vão gastar mais nos próximos 12 meses, frente a 34% dos que têm 41 anos e 59 anos e 36% da parcela da população com mais de 60 anos.

“A percepção de melhora em termos de renda, situação financeira e expectativa de gastos tendem a criar um cenário positivo na visão da população. Isso reforça o aumento do consumo nos próximos meses. Essa disposição é importante, pois a demanda interna insuficiente foi o segundo principal problema relatado pelos empresários no ano passado, atrás apenas da carga tributária”, avalia o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi.

De forma geral, os resultados mostram uma evolução positiva da situação financeira e da renda do consumidor brasileiro. 38% acreditam que a sua situação financeira atual é melhor que a de 12 meses atrás, 39% dizem ser igual e apenas 22% afirma ser pior.

A melhor percepção da situação financeira está diretamente associada à idade: enquanto 48% dos entrevistados que têm entre 16 e 24 anos afirmam que a situação financeira atual é melhor do que há 12 meses, esse percentual cai progressivamente com a idade até atingir 29% entre aqueles com 60 anos ou mais.

A percepção sobre a situação financeira também está associada com a região dos entrevistados. No Nordeste, 47% dos entrevistados afirmam estar em uma situação financeira melhor do que há 12 meses, enquanto no Norte/Centro-Oeste o percentual cai para 38%, no Sudeste, para 34% e no Sul, para 33%.

Menos endividados

Do total de entrevistados, 41% afirmam estar menos endividados do que estavam 12 meses atrás, 29% seguem com o mesmo número de dívidas e 26% dizem ter aumentado as dívidas. Em relação à percepção de queda do endividamento, há uma associação com a região dos entrevistados: 47% afirmam estar menos endividados no Nordeste, percentual que cai para 41% entre os entrevistados da região Sudeste, 40% na região Norte/Centro-oeste e 35% entre os entrevistados da região Sul.

Aumento da própria renda

Para 39% da população, a própria renda vai aumentar nos próximos 12 meses, 43% acreditam que não vai mudar e 14% acreditam que vai diminuir.

A expectativa de que a renda vai aumentar nos próximos 12 meses está associada à faixa etária dos entrevistados: entre aqueles que têm entre 16 e 24 anos, a metade prevê aumento nos próximos meses. Também há uma associação entre a expectativa de que a renda vai aumentar e a escolaridade: enquanto apenas 28% daqueles sem instrução acreditam que sua renda vai aumentar nos próximos 12 meses, esse percentual aumenta progressivamente com a escolaridade e alcança 42% entre os que têm ensino superior.

Entre as regiões Sudeste e Sul, 36% dos entrevistados acreditam que sua renda vai aumentar nos próximos 12 meses, nas regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste esse percentual é de 42% ou mais.