Por Luis Jaime Acosta

Os consumidores escolherão beber café em casa em vez de cafeterias e restaurantes, devido ao aumento da inflação e aos riscos de recessão nos próximos meses, disse a diretora- Internacional do Café (OIC) nesta sexta-feira.

A oferta internacional de café não tem sido capaz de atender a demanda em um momento em que os estoques estão baixos, disse Vanusia Nogueira, atribuindo a menor safra global no ano cafeeiro de 2021/22 aos efeitos das mudanças climáticas.

+Café recua mais de 3% na ICE por clima no Brasil; açúcar sobe com chuvas afetando moagem

“Temos muitos problemas climáticos nas principais regiões produtoras”, disse ela à Reuters em entrevista na capital colombiana.

Embora os preços do café tenham subido, os produtores não conseguiram entregar mais produtos devido a questões relacionadas ao clima, disse ela.

A produção total do ano cafeeiro de 2021/22 atingiu 167,2 milhões de sacas de 60 quilos no mundo, uma queda de 2,1% em relação ao ano cafeeiro anterior, segundo estatísticas da OIC, que descobriram que o consumo global de café aumentou 3,3%, para 170,3 milhões de sacas.

Os preços do café devem permanecer estáveis em 2023, disse Nogueira.

Assim como durante a pandemia de coronavírus, espera-se que o consumo aumente nas residências e diminua nos cafés e restaurantes, mas os volumes gerais de vendas e consumo devem permanecer estáveis, disse ela.

“Não acho que haverá impacto em termos de volumes, mas na forma como o café é bebido e na qualidade, as pessoas vão diminuir a qualidade do que bebem e mudar onde bebem”, disse ela, alertando que os produtores de cafés especiais podem ser os mais atingidos.

A mudança climática é o maior desafio do setor cafeeiro, disse ela, acrescentando que a OIC está trabalhando na criação de um fundo de resiliência junto a bancos e outras organizações para examinar mais de perto as zonas produtivas e variedades de café resistentes às mudanças climáticas.

(Reportagem de Luis Jaime Acosta)