A revista científica The Lancet Oncology publicou um estudo global que afirma que 4% dos novos casos de câncer registrados em 2020 em todo o mundo, o que representa 740 mil pessoas, podem estar ligados ao consumo excessivo de álcool.

Outra pesquisa, da qual brasileiros do Instituto Nacional do Câncer (Inca) participaram e publicada pela Nature Genetics, corrobora as descobertas ao afirmar que o consumo excessivo de álcool pode causar mutações nas células do esôfago. Os cientistas brasileiros alertam à importância de desenvolver um exame de sangue capaz de detectar câncer de esôfago com antecedência, o que geralmente é descoberto já em um estágio tardio da doença devido aos sintomas.

+ Ministro da Saúde diz que é ‘muito drástico’ demitir quem não querem se vacinar
+ Juíza do DF condena plano de saúde a pagar terapia de alto custo a paciente

O câncer de esôfago é o sexto mais comum em homens brasileiros, com 11.30 novos casos por ano, segundo o jornal O Globo. O levantamento científico do projeto Mutographs ainda alerta outros fatores ao desenvolvimento do câncer de esôfago: tabaco e até bebidas em altas temperaturas, como café e chimarrão.

Quem mais sofre as consequências da ingestão alcoólica são os homens, em 77% dos casos. Os tipos mais comuns de câncer associado ao álcool são no esôfago, fígado, mama, colorretal, boca e garganta.

“Beber álcool aumenta o risco de desenvolver ao menos sete tipos de câncer. Precisamos aumentar a conscientização sobre o consumo de álcool e o risco de câncer”, afirma Harriet Rumgay, pesquisadora da francesa Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (Iarc).

Rumgay ressalta a importância de os governos adotarem políticas que reduzam o consumo de álcool, bem como campanhas de saúde e conscientização dos malefícios.

O estudo ainda diz que regiões da Ásia e da Europa tiveram 6% dos casos de câncer ligados ao consumo de álcool – o nível mais alto foi registrado na Mongólia, com 10%.

Brasil

No Brasil, 20,5 mil casos de tumores diagnosticados em 2020 (4% dos casos de câncer) apresentaram ligação com o consumo de álcool. O ranking é liderado por China e Índia.

Rumgay ainda aponta que a pandemia causada pelo novo coronavírus impulsionou o consumo de bebidas alcoólicas em diversos países, sobretudo na China, Índia e África Subsaariana. Ela explica que o álcool danifica o DNA, o que pode afetar a produção hormonal e contribuir ao desenvolvimento de câncer.

O estudo ainda considera que o consumo moderado de álcool também é danoso à saúde – 14% dos casos de câncer ligado ao consumo alcoólico eram de casos de ingestão moderada.