O consumo mundial de gás teve uma queda histórica, de 1,6%, em 2022, fruto da guerra na Ucrânia e da interrupção de parte do fornecimento de gás russo para a Europa, segundo dados preliminares de uma associação especializada.

O consumo mundial de gás caiu para 4 trilhões de m³, “em um contexto de crise energética sem precedentes e inflação alta”, informou em comunicado com data de 15 de maio a Cedigaz, associação internacional especializada em informar sobre questões ligadas ao tema.

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A queda pode ser classificada como histórica, disse a associação nesta quarta-feira à AFP, após um aumento recorde de 4,5% em 2021 e uma diminuição de 2% em 2020, um ano muito particular, marcado pela pandemia.

O ano de 2022 será lembrado como o “da pior crise do gás natural e da energia da História, devido à invasão russa à Ucrânia”, apontou a Cedigaz, que tem uma centena de membros, em 40 países. Em 2022, houve “a queda mais forte da história do consumo de gás na União Europeia (UE), de 13%, para 353 bilhões de m³”, segundo a associação.

Quedas importantes também foram registradas nos países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) e na Ucrânia (-4,6%), bem como na Ásia-Oceania (-1,6%), em contraste com a América do Norte e o Oriente Médio, onde o consumo aumentou.

Segundo a associação, a queda no consumo se deveu a um inverno boreal de temperaturas amenas, que pesou na “demanda de gás do setor residencial-comercial” no hemisfério norte, à desaceleração da economia chinesa e à explosão dos preços do gás, que freou a demanda na indústria.

Sobre o gás russo, que até recentemente tinha “um papel predominante” no abastecimento energético europeu, suas exportações por gasoduto para a Europa “caíram ao nível mais baixo desde meados dos anos 1980, resultando em uma perda de 77 bilhões de m³, o equivalente a 20% do consumo de gás da UE em 2021”, ressaltou a Cedigaz.

A produção mundial de gás natural manteve-se estável. “A perda acentuada nas vendas de gás russo foi compensada por um crescimento forte da produção nos Estados Unidos (+ 41 bilhões de m³), graças a um “impulso rápido no fornecimento de gás natural liquefeito (GNL)”.