05/01/2005 - 8:00
O mercado financeiro aplaudiu de pé a chegada da conta investimento. Seu grande benefício foi isentar o investidor da cobrança da alíquota de 0,38% da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a malfadada CPMF. Desde 1º de outubro do ano passado, todas as aplicações passam automaticamente pela conta investimento e recolhem a CPMF só na entrada. Depois disso, o investidor pode movimentar seus recursos sem ter de pagar novamente o imposto. O tão esperado troca-troca de investimentos acabou não acontecendo. Motivo: os recursos aplicados antes de 30 de setembro teriam de pagar nova CPMF para migrar para a conta investimento. ?A maioria dos clientes prefere esperar até 2006, quando todas as aplicações serão automaticamente convertidas para a conta investimento?, afirma Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco. Mesmo se a troca fosse de um fundo com taxa de administração de 5% para outro de 1% com a mesma rentabilidade, o retorno só se pagaria em um mês e meio, como calcula o professor Ricardo Leal, da UFRJ (ver tabela).
A conta investimento deu fôlego a uma aplicação que andava em baixa no mercado, o Certificado de Depósito Bancário. ?Houve uma migração de recursos de pessoas físicas dos fundos para o CDB?, atesta Renata Silveira, superintendente de produtos e investimentos do BankBoston. Segundo Renata, os CDBs captaram mais de R$ 1 bilhão em outubro. Em novembro, foram mais R$ 750 milhões. A explicação é tributária. A partir de 1º de janeiro de 2005 entra em vigor a Medida Provisória 206, que determina que o Imposto de Renda sobre os rendimentos das aplicações financeiras será decrescente, de acordo com o tempo da aplicação. Para aplicações de até seis meses, a taxa é de 22,5%; de seis meses a um ano, de 20%; entre um e dois anos, 17,5%; e acima de dois anos, de 15%. ?Os bancos começaram a vender CDBs com vencimento em outubro de 2006, que tem IR de apenas 15%?, diz Renata. O problema é que, após o vencimento do CDB, o investidor terá de fazer uma nova aplicação e esperar mais dois anos para cair novamente na alíquota de 15%. Já nos fundos de investimento, depois de dois anos a taxa será sempre de 15%.
VALE A PENA TROCAR?
Tempo para recuperar a CPMF na migração de um fundo
com taxa de administração cara para outro barato
Taxa/fundo de origem
taxa/fundo novo
Tempo de retorno (em meses)
5%
1%
1,5
4%
1%
2
3,5%
1%
2,3
3%
1%
2,9
2%
1%
5,8