A oposição anunciou na tarde desta terça-feira, 12, que fará uma obstrução “dura” para evitar o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Os deputados ameaçam não só impedir a votação de projetos na Casa como avisam que estão dispostos a atrapalhar a sessão do Congresso Nacional, marcada para esta terça.

“Nossa obstrução é para paralisar o Congresso, principalmente a sessão do Congresso. Se não recuarem, não vamos deixar votar nem o Orçamento. É paralisação política mesmo”, anunciou o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE).

O petista disse que o governo não tem coragem de anunciar a data de votação da PEC porque não tem os 308 votos necessários para aprová-la. Guimarães informou que, se o governo desistir de colocar o tema em votação antes do recesso, a oposição vai retirar a obstrução.

O grupo de partidos – formado por PT, PCdoB, PDT, Rede, PSOL, PHS e PSB – diz ter 270 votos contra a PEC. “Estamos seguros que vamos derrotar o governo se insistir em votar isso no plenário”, emendou Guimarães.

O bloco já colocou em prática a decisão de inviabilizar os trabalhos na Casa. Pouco antes do fechamento deste texto, o plenário tentava retomar a votação dos destaques do projeto de lei que estabelece o parcelamento das dívidas de produtores e empresas com o Funrural – espécie de contribuição previdenciária que incide sobre a receita da comercialização da produção. Os governistas não estão conseguindo garantir o quórum mínimo para acelerar a votação.

Militantes

Desde a segunda-feira, a oposição conta com a mobilização de militantes e sindicalistas para convencer parlamentares a não apoiar a PEC. Um grupo de militantes segue em greve de fome há oito dias na Câmara. Outro grupo faz protestos no aeroporto de Brasília na recepção de deputados que chegam para a semana decisiva da reforma da Previdência.

Na segunda, o Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) flagrou militantes da Contag recebendo com vaias o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PPS-SP), e aplaudindo Miro Teixeira (Rede-RJ), parlamentar contrário à PEC.

Greve

O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), disse que as mobilizações continuarão, inclusive com a expectativa de greve no transporte público de São Paulo. O deputado criticou a vinda de 150 empresários para pressionar parlamentares. “Esse projeto só interessa aos mais ricos, aos grandes empresários e ao capital financeiro”, concluiu.