10/05/2021 - 8:38
O consumidor correu para o comércio eletrônico na pandemia, e as empresas do setor se apressaram para conquistar uma fatia maior dos gastos dos clientes. A B2W – que concentra marcas como Americanas.com e Submarino – viu as vendas crescerem 90% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. O avanço foi forte, mas veio a custo da lucratividade. De janeiro a março, a empresa viu seu prejuízo subir mais de 50%, para R$ 163,6 milhões.
Em um mercado disputado – e cheio de rivais fortes como Mercado Livre, Magazine Luiza e Via (dona da Casas Bahia) -, a opção foi abrir mão de margem para ganhar terreno, de acordo com o diretor de relações com investidores da B2W, Raoni Lapagesse. Ele lembrou que a concorrência também fez isso em algum momento.
Os analistas, porém, não compraram a tese totalmente. “Nossa visão é de que qualidade importa, e os investidores precisam ser seletivos e demandar uma visibilidade maior de rentabilidade, em vez de simplesmente comprar a história de crescimento de GMV (volume de vendas)”, afirmou o analista Guilherme Assis, do Banco Safra.
Assis disse ainda que a B2W igualou as condições oferecidas aos vendedores de seu marketplace às ofertadas pela rival argentina Mercado Livre. Além disso, ofereceu cupons de descontos agressivos aos consumidores.
Apesar dessa cobrança por rentabilidade, há um ponto positivo que pesa nas análises sobre a companhia. No fim do mês passado, a empresa anunciou que vai unir as operações da B2W ao seu braço de varejo físico, a Lojas Americanas. O novo grupo que surgirá deverá ser listado na bolsa americana. Esse movimento, segundo João Pedro Soares, analista do Citi, pode trazer vantagens competitivas para ambos os negócios. Trata-se ainda de uma resposta da empresa a uma cobrança antiga do mercado financeiro.
Apetite
As declarações da empresa também apontam para um pé firme no acelerador. O presidente da operação chamada de Universo Americanas, Miguel Gutierrez, disse na semana passada que a companhia definiu as fusões e as aquisições como uma de suas principais estratégias. “Buscamos novos negócios em novas marcas”, disse. Também em abril, o grupo anunciou a compra do Uni.co, que engloba marcas de moda, estilo de vida e decoração, como Imaginarium e Puket.
A companhia fez oito aquisições via B2W desde 2020. No caso da fintech da empresa, a Ame, as compras levam o braço financeiro a crescer em serviços bancários. A Ame atingiu 19 milhões de downloads e 3 milhões de estabelecimentos conectados. O volume total de pagamentos coletados do primeiro trimestre chegou a R$ 5,1 bilhões, alta de 350% ante o mesmo período do ano passado.
A categoria de supermercado da B2W multiplicou seu faturamento por oito no primeiro trimestre, em relação ao ano passado, e totalizou mais de 50% dos itens vendidos da B2W entre janeiro e março.
“A plataforma segue em rápida expansão para novas praças, por meio de parcerias como Pão de Açúcar, Carrefour e Grupo Big, e já está disponível em mais de 60 cidades”, disse a companhia na semana passada.
Um desafio que a B2W está tentando enfrentar é o da rapidez na entrega – fator que pressiona todas as varejistas online. O diretor de relações com investidores da Lojas Americanas, Fabien Picavet, disse que a companhia tem como prioridade expandir as entregas rápidas e de até três horas. Segundo ele, a recente aquisição da Ship, empresa da área de logística, pode reduzir ainda mais o tempo de espera dos clientes.
Franquias
Entre as vias de crescimento exploradas pelo Universo Americanas – que engloba tanto a Lojas Americanas quanto o braço digital B2W – está a ampliação da presença física via abertura de franquias. A empresa ganhou mais presença nesse segmento ao firmar parceria com a BR Distribuidora para o segmento de lojas de conveniência e também pela aquisição do grupo Uni.Co, que opera centenas de lojas nesse formato. O presidente do Universo Americanas, Miguel Gutierrez, também disse que o grupo poderá aumentar o total de unidades próprias.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.