06/12/2024 - 18:18
Com uma eventual privatização a Copasa não deve ter mudança nas atuais regras de reajuste de tarifas, segundo o atual CEO da companhia, Guilherme Faria.
+Governo de MG encaminha projeto de lei para privatizar Cemig e Copasa
Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o CEO da Copasa apontou que as tarifas da companhia de saneamento de Minas Gerais seguirão sujeitas aos órgãos reguladores.
“Não há o que se falar em termos de mudança de tarifa. O regulador vai continuar regulando a companhia como sempre foi, seja ela estatal ou privada. O que se pretende [com a privatização] é acelerar investimentos e cumprir com as metas de universalização [de saneamento] o quanto antes”, diz o executivo.
Sobre os impactos da privatização da Copasa, Faria aponta que o principal ganho deve ser a celeridade.
“Em tese o que o governo pretende é celeridade; destravar a companhia para que a população de Minas tenha a universalização do saneamento e a melhoria da prestação de serviço”, explica Guilherme Faria.
A fala está em linha com a de autoridades do governo mineiro. O vice-governador do estado, Mateus Simões, já sinalizou que a companhia e ‘lenta’ nos moldes atuais, mas deve ganhar agilidade com a privatização.
“Copasa para nós é um modelo de venda, porque não precisamos de capitalização lá. O que precisamos na Copasa é ganho de agilidade nos processos dela. É uma companhia muito boa, mas muito lenta”, disse, em entrevista ao Brazil Journal.
“Ela tem uma capacidade financeira boa, uma baixa alavancagem, e teria condição de investir muito mais com recursos próprios do que investe hoje. Ela só não faz isso porque não tem uma boa capacidade de engenharia e de contratação e acompanhamento de obra, porque tudo é moroso, tudo vai para a lei de licitação”, completou.
Privatização da Copasa já está nas mãos do parlamento
Há algumas semanas, na metade de novembro, o governador Romeu Zema (Novo) encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto de lei para privatizar a companhia elétrica Cemig, transformando-a em uma “corporation”, sem controlador definido.
No mesmo texto, está a proposta de privatização da Copasa.
A ideia já vinha sendo aventada pelo governo, que comanda Minas há cerca de seis anos, mas só foi formalizada e enviada ao parlamento neste fim de ano.
Atualmente o governo mineiro tem 50,03% do capital social da empresa de saneamento, com 190,25 milhões de ações ordinárias.
Acionistas minoritários nacionais possuem outros 21,05% das ações da companhia, ao passo que minoritários estrangeiros detém 28,64%.
Tarifas para 2025
Ainda em dezembro foi aprovado um reajuste de tarifas da companhia, que será válido a partir de 1º de janeiro de 2025. O reajuste terá um acréscimo médio de 6,4%, conforme comunicado pela empresa.
O aumento foi aprovado pela Diretoria Colegiada da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais: a Arsae-MG.
Essa decisão segue as diretrizes para manter o equilíbrio financeiro e operacional da empresa, segundo a gestão.
Com as tarifas maiores e o volume de receita crescendo a empresa deve usar os novos recursos para manter e ampliar a infraestrutura de abastecimento de água e tratamento de esgoto.
Internamente a empresa se prepara para aprovar seu próximo plano de investimentos, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Entre janeiro e setembro de 2024, a empresa investiu R$ 1,56 bilhão em obras de abastecimento de água e esgotamento, incluindo capitalizações. A cifra representa aumento de 30,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a foram investidos R$ 1,19 bilhão.
Esse patamar de investimentos é recorde na história da companhia, que mira atingir as metas de cobertura estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento.
Atualmente a Copasa atende mais de 630 municípios, em um universo de 853 municípios de Minas Gerais – que é o estado com o maior número de municípios de todo o Brasil, cerca de 15% do total.