10/05/2013 - 21:00
Contaminadas por toda sorte de orientação política, em meio à corrida eleitoral que já está nas ruas, as análises dos números macroeconômicos estão se prestando a várias distorções e desenham cenários distintos sobre a real situação do Brasil. Mesmo uma recuperação estatística, como a que ocorreu no caso da produção da indústria, que avançou 0,7% em março depois de ter caído 2,4% em fevereiro, é tida como tímida. Dizem os pessimistas de plantão: o setor retomou o crescimento, porém em um ritmo menor que o previsto pelo mercado. A indústria vinha de seguidos recuos de resultados – à exceção de janeiro último – e o simples fato de ter embicado seus números novamente para cima deveria ser comemorado como sinal de bons tempos.
Mas não. Serviu para engrossar o caldo das críticas. É a velha e surrada ideia de olhar o copo como meio vazio e não como meio cheio. Para a turma do contra, nunca a reação é a ideal. Tome-se mais um exemplo: a economia americana começa a apresentar reação, com um processo consistente de reindustrialização e queda acentuada do desemprego – o menor índice em quatro anos. Sempre se disse que, quando a economia americana pega um resfriado, o mundo fica gripado. Em outras palavras, se os EUA vão mal, os demais países – Brasil a reboque – seguem pior ainda, dada a interdependência inevitável.
Com os promissores avanços na terra do Tio Sam, especialistas avaliam agora que o mercado brasileiro será afetado negativamente. Terá problemas, dizem eles, com a transferência de investimentos para lá devido à falta de poder de competitividade. O círculo virtuoso interno, com o aumento do número de trabalhadores contratados, incremento do consumo e estímulos à produção, não importa. Não terá o impacto necessário. Nos últimos 25 anos, pelo menos 42 milhões de brasileiros deixaram a condição de miséria extrema. Hoje o contingente dessas pessoas representa pouco mais de 10,1% da população. O percentual já foi de 68,3% nos anos 1970. Essa revolução social que se transformou no maior motor de alavancagem do desenvolvimento interno dá, certamente, motivações para que muitos enxerguem o copo meio cheio e não meio vazio, contrariando os alarmistas de plantão.