O Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou as projeções do mercado e elevou os juros referenciais da taxa Selic para 12,25% ao ano, uma alta de 0,5 ponto percentual. Esse resultado era o esperado: a inflação medida pelo IPCA foi de 6,41% em 2014 e, pelo mais recente relatório Focus, ela pode chegar a 6,7% em 2015, acima do teto da meta.

Explicar uma alta tão forte nos preços em um ambiente de economia fraca é simples. A inflação sobe por dois motivos conhecidos e um desconhecido. Os conhecidos são a apreciação do dólar em relação ao real e o começo do processo de correção dos preços administrados, especialmente energia e combustíveis. O desconhecido é o impacto da seca sobre a economia.

Além do desconforto provocado pela falta d’água, a falta de chuvas encarece a energia e os alimentos. Segundo Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, os preços diretamente afetados pela seca são de itens que representam 50% da cesta do IPCA. O prognóstico de alta para combustíveis como a gasolina, por exemplo, fica entre 8% e 10%. apesar da queda dos preços internacionais do petróleo. E a gasolina representa 3,77% da cesta do IPCA. “Com essas projeções, a ideia sobre o comportamento futuro do BC e da taxa Selic não dá espaço para uma redução do ritmo de altas de juros, ao menos por enquanto”, diz ele.

Para Silveira, é quase um consenso no mercado que os juros deverão subir mais 0,25 ponto percentual na reunião dos dias 3 e 4 de março, elevando a Selic para 12,5% ao ano. A partir daí, o mercado se divide entre os que acreditam que o BC vai parar por aí e os que prevêem mais 0,25 ponto percentual na reunião de abril, mandando a Selic para 12,75%. Qualquer que seja o cenário, porém, a trajetória dos juros permanece em ascensão.