O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 17, que, apesar da preocupação do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação ao cenário externo ter aumentado, esse aumento não foi suficiente para alterar o balanço de risco do colegiado. No começo do mês, o Copom reduziu a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,25% ao ano.

“Elucidamos na ata que teve um diretor que achava que sim, que o externo tinha mudado a ponto de alterar o balanço de riscos, mas essa não foi a opinião majoritária”, afirmou o presidente do BC, durante participação no evento “E Agora, Brasil?”, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico.

Campos Neto reforçou que o cenário externo ficou mais desafiador, mas por outro lado a inflação corrente também melhorou. “Não temos uma relação mecânica com fatores de risco do balanço. A questão é como esses fatores afetam as variáveis usadas para tomar decisão”, completou.

‘Forward guidance’

O presidente do Banco Central repetiu os argumentos usados pelo Copom para não sinalizar o orçamento total do ciclo de afrouxamento dos juros. “A função do forward guidance é tentar diminuir a volatilidade. Mas toda vez que você fala o que vai acontecer na frente, se você errar o guidance, há um custo de credibilidade em refazer a mensagem”, afirmou.

Campos Neto reforçou que o “guidance” do Copom é dizer que a Selic deve continuar no campo restritivo.

“Não vamos desenhar uma trajetória, porque achamos que há tanta incerteza que esse desenho não teria o valor esperado positivo em termos de comunicação”, completou o presidente do BC.