A Coreia do Norte lançou, neste domingo (5), oito mísseis balísticos de vários locais, informou o exército sul-coreano, um dia depois que Seul e Washington concluíram seus primeiros exercícios conjuntos com um porta-aviões americano em mais de quatro anos.

Pyongyang atualizou seu programa de armas, apesar de enfrentar duras sanções econômicas, e autoridades e analistas alertaram que o regime norte-coreano está preparando um novo teste nuclear.

“Nosso exército detectou oito mísseis balísticos de curto alcance disparados da Coreia do Norte”, declarou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

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Os lançamentos ocorreram durante 30 minutos de vários locais, incluindo Sunan, na capital Pyongyang, Tongchang-ri, na província de Pyongan (norte), e Hamhung, na província de Hamgyong (sul), acrescentou.

Percorreram diferentes distâncias – de 110 a 670 quilômetros – e voaram em diferentes altitudes de até 90 quilômetros de altura, explicou.

De acordo com dois relatórios locais, dois mísseis foram lançados de cada local, provavelmente de lançadores transportadores (TELs).

Este é o maior número de mísseis balísticos lançados pela Coreia do Norte no mesmo dia e ao mesmo tempo.

– Exercícios militares –

O Japão informou que os lançamentos ocorreram em vários locais e que Pyongyang testou mísseis em uma “frequência sem precedentes” este ano.

“Podemos dizer que o grande número de lançamentos de pelo menos três lugares em um curto período como este é incomum”, comentou o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, confirmando que a Coreia do Norte disparou pelo menos seis mísseis.

“Isso é absolutamente inaceitável”, disse.

O lançamento ocorreu um dia depois que a Coreia do Sul e os Estados Unidos concluíram exercícios em grande escala de três dias envolvendo o USS Ronald Reagan, um porta-aviões de 100.000 toneladas movido a energia nuclear.

Foi o primeiro exercício militar conjunto dos dois países aliados desde que o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol assumiu o cargo no mês passado e o primeiro com um porta-aviões desde novembro de 2017.

Pyongyang há muito protesta contra os exercícios militares conjuntos de Seul e Washington, chamando-os de ensaios de invasão.

“O exercício cimentou a determinação de ambos os países de responder com severidade a qualquer provocação norte-coreana, ao mesmo tempo em que demonstra o compromisso dos Estados Unidos em fornecer dissuasão expandida”, apontou o Estado-Maior Conjunto sul-coreano em comunicado.

No mês passado, durante uma cúpula com Yoon, o presidente americano Joe Biden disse que Washington implantaria “ativos estratégicos” se necessário para deter a Coreia do Norte, como parte dos esforços para reforçar a dissuasão.

Go Myong-hyun, pesquisador do Asan Institute for Policy Studies, disse que o lançamento de domingo foi provavelmente uma resposta às manobras dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.

“Parece que dispararam oito mísseis porque, na opinião deles, a escala dos exercícios conjuntos foi ampliada”, comentou à AFP.

– Teste nuclear –

Autoridades americanas e sul-coreanas vêm alertando há semanas que Pyongyang poderia realizar um sétimo teste nuclear.

No mês passado, o país comunista testou três mísseis, incluindo possivelmente seu maior míssil balístico intercontinental, o Hwasong-17.

Esse lançamento ocorreu poucos dias depois que Joe Biden deixou a Coreia do Sul.

Apesar de enfrentar um recente surto de covid-19, a Coreia do Norte retomou a construção de um reator nuclear há muito inativo, segundo novas imagens de satélite.

O gabinete presidencial sul-coreano disse no mês passado que Pyongyang realizou testes de um dispositivo de detonação nuclear em preparação para seu primeiro teste nuclear desde 2017.

Testes nucleares e de longo alcance estão em pausa desde que o líder norte-coreano Kim Jong Un se encontrou com o então presidente dos EUA, Donald Trump, em uma tentativa fracassada de reaproximação diplomática em 2019.

Mas Pyongyang abandonou essa moratória auto-imposta em testes nucleares e de longo alcance, e realizou uma série de testes de armas este ano, incluindo o disparo de um míssil balístico intercontinental (ICBM).

Kim poderia acelerar os planos de testes nucleares para distrair os norte-coreanos do desastroso surto de coronavírus, alertam analistas.