A Coreia do Norte publicou nesta quinta-feira uma lista de 310 novos slogans sobre temas variados, desde as virtudes da dinastia reinante e a ousadia no esporte até o cultivo de champignon.

Sem esquecer, é claro, a necessidade de apagar do mapa o imperialismo americano.

Os lemas políticos são o pão de cada dia dos norte-coreanos, que vivem em um dos regimes mais fechados do mundo.

O governante Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC), o único no país, elaborou estes slogans, publicados nesta quinta-feira pela agência oficial KCNA por ocasião do 70º aniversário de sua fundação e da libertação da península coreana do jugo colonial japonês.

Dependendo dos temas tratados, o tom é agressivo, ameaçador, reconfortante ou encorajador. O estilo oscila entre a poesia extravagante e a diligência extrema.

“Que as frutas caiam em cascatas, que seu doce aroma encha o ar sobre um mar de maçãs no porto de Chol!”, afirma um dos textos sobre o setor agrícola.

Na mesma categoria a agência KCNA acrescenta: “Façamos de nosso país um país de champinhons!”, “Façamos com que as verduras cresçam de forma intensa em nossas estufas!”.

A lista reserva a melhor parte dos slogans à dinastia dos Kim: o fundador do regime, Kim Il-Sung, seu filho, Kim Jong-Il, e seu neto, Kim Jong-Un, atualmente no poder, pedindo aos norte-coreanos lealdade incondicional.

Outras mensagens ressaltam a potência militar, a economia, a ciência e a tecnologia, a educação, as artes e o esporte. “Pratiquem esporte de forma ofensiva”, convoca um deles.

A propaganda norte-coreana pode parecer contraproducente vista do exterior, com todas as suas hipérboles, mas a população está acostumada a ela.

São mensagens que descrevem o país como uma nação eticamente pura que deve fazer o que puder para se proteger dos complôs de seus inimigos, sobretudo dos Estados Unidos e de seus supostos desejos de invadir o país.

“Estávamos continuamente enterrados sob uma avalanche de slogans”, explica Lee Min-Bok, um norte-coreano de 57 anos que fugiu há 14 anos e vive na Coreia do Sul.

“Precisávamos memorizar muitos para demonstrar lealdade, mas pouco a pouco foram perdendo sentido, principalmente depois da fome dos anos 1990”, acrescenta.

“Há décadas que se repete o slogan sobre as estufas. O problema é que ninguém tinha placas para construí-las ou combustível para aquecê-las”, afirma.

Vários sites criados por norte-coreanos que fugiram do país contam que os habitantes zombavam de alguns slogans. Por exemplo, converteram “O caminho pode ser perigoso, mas vamos percorrê-lo rindo!”, um slogan de 1998, em “Riam se quiserem, mas por que nos obrigam a vir?”.

Estes lemas dão, no entanto, uma ideia das preocupações do regime norte-coreano e das realidades que enfrenta.

Um deles, por exemplo, ressalta a importância de aumentar a produção alimentar para “resolver o problema de alimentos das pessoas e melhorar sua dieta”.

As iniciativas belicistas americanas merecem um capítulo especial, enquanto outro está dedicado à necessidade imperiosa de conservar a potência militar da Coreia do Norte.

“Se o inimigo se arriscar a invadir nosso país, aniquilem até o último deles!”. Neste setor dedicado às forças armadas outro pede que as esposas de oficiais se convertam em “assistentes confiáveis de seu marido!”.