13/09/2021 - 6:19
A Coreia do norte testou um novo modelo de “míssil de cruzeiro de longo alcance”, anunciou nesta segunda-feira (13) a agência estatal de notícias, que o chamou de “arma estratégica de grande importância”, o que provocou críticas dos Estados Unidos e dos países vizinhos.
Os lançamento de testes aconteceram no sábado e domingo e foram supervisionados por altos funcionários do regime, informou a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).
Imagens publicadas pelo jornal Rodong Sinmun mostram o momento em que um míssil saiu de um dos cinco tubos em um veículo de lançamento em meio a uma bola de fogo, assim como um míssil em voo horizontal.
Analistas destacaram que a arma representa um avanço importante na tecnologia bélica norte-coreana, que aumenta sua capacidade de evitar os sistemas de defesa.
Os mísseis voaram 7.580 segundos sobre a Coreia do Norte e suas águas territoriais, atingindo alvos a 1.500 km de distância, acrescentou a KCNA.
A agência chamou o míssil de “uma arma estratégica de grande significado”. Também afirmou que “a eficiência e a funcionalidade da operação do sistema de armas foram confirmadas como excelentes”.
Ainda segundo a agência, o desenvolvimento do sistema de mísseis tem “importância estratégica”, dando à Coreia do Norte “outro meio de dissuasão” para se proteger e “conter fortemente as manobras militares das forças hostis”.
– Ameaça –
O exército dos Estados Unidos afirmou que os lançamentos representam “ameaças para os vizinhos da Coreia do Norte e outras nações”.
“Esta atividade evidencia que a DPRK (República Popular Democrática da Coreia, na sigla em inglês) continua desenvolvendo seu programa militar, o que representa ameaças para os vizinho e a comunidade internacional”, destacou o Comando Indo-Pacífico americano em um comunicado.
O isolado país comunista enfrenta várias sanções internacionais por seus programas nucleares e balísticos, que continuam em desenvolvimento.
Também mantém a produção de mísseis de cruzeiro, que já foram testados em ocasiões anteriores.
O novo míssil “representa uma ameaça considerável”, afirmou à AFP Park Won-gon, professor de Estudos Norte-Coreanos na Eha Womans University.
“Se el Norte miniaturizou de modo suficiente uma ogiva nuclear, poderia carregá-la em um míssil de cruzeiro”, disse Park.
Jeffrey Lews, do Middlebury Institute for International Studies, escreveu no Twitter que estes mísseis seriam capazes de lançar ogivas contra alvos “em toda Coreia e Japão”.
“Um míssil de cruzeiro de ataque em terra e alcance intermediário é uma capacidade bastante séria”, completou.
O Estado-Maior conjunto da Coreia do Sul anunciou uma “análise detalhada (das provas) em cooperação estreita com as agências de inteligência sul-coreana e americana”.
O governo japonês afirmou que está preocupado e indicou que um míssil deste alcance “representa uma ameaça à paz e à segurança do Japão e da região”.
Os lançamentos aconteceram pouco depois de um desfile relativamente discreto em Pyongyang para celebrar o 73º aniversário da fundação do país.
Os lançamentos de mísseis no fim de semana foram os primeiros do país desde março.
– Diálogo estagnado –
Além disso, Pyongyang não executa um teste nuclear ou lançamento de míssil balístico intercontinental desde 2017.
As negociações nucleares com o governo dos Estados Unidos estão paralisadas desde 2019 e o país não demonstra disposição de abandonar o arsenal atômico. Além disso, renegou os esforços da Coreia do Sul para reiniciar o diálogo.
Sung Kim, o enviado do presidente americano Joe Biden para a Coreia do Norte, expressou diversas vezes a vontade de ter reuniões com representantes norte-coreanos.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou em agosto que Pyongyang parece ter reativado o reator nuclear de Yongbyon e alertou que se trata de um fato “profundamente preocupante”.
Na semana passada, a Coreia do Sul testou um míssil balístico de fabricação própria lançado por submarino, uma tecnologia que o Norte pretende desenvolver.
Pyongyang exibiu quatro mísseis do tipo em janeiro, durante um desfile militar supervisionado pelo dirigente norte-coreano, Kim Jong Un. A KCNA afirmou que era a “arma mais poderosa do mundo”.
A Coreia do Norte também divulgou fotografias de lançamentos subaquáticos, o mais recente em 2019, mas os analistas acreditam que foram lançados de plataformas fixas e não de um submarino.
