17/02/2023 - 9:46
O ministro sul-coreano da Defesa, Lee Jong-sup, negou nesta sexta-feira (17), que os soldados do país tenham cometido massacres na Guerra do Vietnã e sugeriu que o governo poderia recorrer de uma decisão judicial histórica que reconhece crimes contra civis.
Entre os anos 1960 e o início dos anos 1970, a Coreia do Sul enviou tropas para apoiar os Estados Unidos e o Vietnã do Sul na guerra contra o Vietnã do Norte, comunista e apoiado pela China e pela então URSS. O conflito terminou em 1975 com a queda de Saigon e a reunificação do país asiático.
Soldados sul-coreanos foram acusados de matar cerca de 70 civis durante uma incursão em fevereiro de 1968. O caso foi levado aos tribunais de Seul por uma vietnamita que sobreviveu ao massacre.
Na semana passada, o tribunal do distrito central de Seul rejeitou o argumento do governo de que era difícil provar que as tropas sul-coreanas foram as autoras do massacre e determinou que as autoridades eram responsáveis.
Em declaração a um comitê parlamentar nesta sexta, o ministro Jong-sup afirmou, no entanto, que seu ministério tem certeza de que os “soldados [sul-coreanos] não cometeram nenhum massacre”.
Lee afirmou que o ministério “não pode concordar” com o veredito, acrescentando que Seul poderá recorrer da decisão.
“Em relação a qualquer ação legal no futuro, planejamos consultar as organizações relacionadas”, disse ele.
O tribunal determinou que a vítima Nguyen Thi Thanh deve ser indenizada em 30 milhões de won (em torno de R$ 120 mil) mais juros, pelos assassinatos em massa cometidos na cidade de Phong Nhi, na província de Quang Nam, no centro do Vietnã.
Hoje com 62 anos, Thanh foi ferida na operação e perdeu sua família, incluindo sua mãe. Ela entrou na Justiça em 2020, pedindo uma indenização do governo sul-coreano.
O ministro Lee alega que a situação durante a Guerra do Vietnã era “extremamente complexa” e que é quase impossível verificar a reivindicação da demandante.
“Houve muitos casos, nos quais os que usavam uniforme militar sul-coreano não eram soldados sul-coreanos”, reforçou o ministro, ante o comitê parlamentar.