04/08/2025 - 9:58
Novo presidente quer encerrar longa guerra psicológica com vizinho. Transmissões já incluíram K-pop e sons perturbadores.A Coreia do Sul começou a retirar os alto-falantes da sua fronteira para transmissão de mensagens contra a Coreia do Norte na zona desmilitarizada entre os dois países. Este é o mais recente gesto do presidente Lee Jae-myung, eleito neste ano, para melhorar as relações com o vizinho.
“É uma medida prática para ajudar a aliviar as tensões com a Coreia do Norte, desde que tais ações não comprometam o estado de prontidão das Forças Armadas,” disse um porta-voz do governo. Segundo ele, todos os alto-falantes devem ser removidos até o fim da semana.
O Seul já havia ordenado em junho a suspensão das transmissões, poucos dias após a posse do novo presidente de centro-esquerda. No ano passado, o então presidente conservador, Yoon Suk-yeol, retomara as mensagens, em resposta ao envio de balões com lixo a partir da Coreia do Norte.
O conteúdo incluía músicas de K-pop — popular gênero sul-coreano — e notícias internacionais, desafiando o isolamento do lado norte da península.
Guerra psicológica
Por sua vez, o então presidente Moon Jae-in já desmontara em 2018 os alto-falantes. O seu governo concordara em interromper qualquer ato hostil que pudesse ser fonte de tensão militar.
Os alto-falantes fazem parte de uma longa tradição de guerra psicológica entre as duas Coreias. Os aparelhos foram usados durante cinco décadas para transmitir notícias, mensagens críticas contra o regime norte-coreano e música popular para lá da fronteira.
Segundo Seul, a retirada dos alto-falantes não foi coordenada com a Coreia do Norte. O novo governo pediu também a organizações civis que interrompam o lançamento de panfletos contra o regime norte-coreano através de balões.
“Instamos fortemente os grupos cívicos a interromper as atividades de distribuição de panfletos para promover a paz e garantir a segurança dos moradores nas áreas de fronteira”, disse Koo Byung-sam, porta-voz do Ministério da Unificação, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira. As duas Coreias estão separadas por uma zona desmilitarizada de quatro quilômetros de largura.
Relação em crise
O regime de Kim Jong-un continua a rejeitar a aproximação, apesar de ter também desligado, em junho, os seus próprios alto-falantes de propaganda. A interrupção de sons descritos como perturbadores para os moradores da zona fronteiriça veio um dia após os alto-falantes da Coreia do Sul terem sido desligados.
Na semana passada, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, afirmou que a Coreia do Sul “continua a ser o inimigo”, e o país rejeita propostas de desnuclearização.
Os dois países continuam tecnicamente em guerra, uma vez que os combates da Guerra da Coreia (1950 – 1953) cessaram com um armistício, mas não com um tratado de paz.
Os esforços do novo presidente sul-coreano vêm na esteira de um dos pontos mais baixos em anos das relações com o Norte. Seul passou por um período linha-dura contra Pyongyang, que, por sua vez, se aproximou de Moscou após a invasão russa do território ucraniano.
ht (AFP, Reuters, Lusa)