02/03/2020 - 19:11
A epidemia do novo coronavírus, que nesta segunda-feira (2) superou o balanço de 3.000 mortos no mundo, continua provocando importantes consequências em todo o planeta, sobretudo econômicas.
A epidemia de COVID-19 – nome da doença provocada pelo vírus – perde força na China, que adotou medidas drásticas de quarentena que afetam mais de 50 milhões de pessoas.
“Nas últimas 24 horas, foram registrados cerca de nove vezes mais casos novos de COVID-19 fora da China do que na China”, disse o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva.
O número de casos no mundo chegou a 90.160, incluindo 3.079 mortes, em 73 países e territórios, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP a partir de dados oficiais disponíveis até as 17H00 GMT (14H00 de Brasília) desta segunda-feira (2).
Na China, onde o vírus surgiu no fim de 2019, as autoridades anunciaram nesta segunda 42 novas mortes, o que eleva o balanço da doença no país a 2.912, e 202 novos casos de contágio, que elevam o total acima dos 80.000.
A Itália é o país mais afetado da Europa, com 52 vítimas fatais e mais de 2.000 pessoas infectadas, especialmente nas regiões do norte: Lombardia, Emília-Romanha e Vêneto.
Diante do avanço do vírus, a União Europeia, elevou nesta segunda-feira seu nível de alerta “de moderado a alto”. Uma terceira morte anunciada na França elevou o número de falecimentos no bloco para mais de 50.
Uma imagem incomum de medo de contágio ocorreu na segunda-feira na Alemanha, onde o ministro do Interior Horst Seehofer se recusou a cumprimentar a chanceler Angela Merkel, uma das ações recomendadas pelos profissionais para evitar a contaminação.
Em outras partes do mundo, o Egito, que em fevereiro anunciou o primeiro caso na África, afirmou um segundo contágio. O Senegal e a Tunísia também registraram seu primeiro caso, como Arábia Saudita, Indonésia e Jordânia, na Ásia, e Portugal e Andorra, na Europa.
As autoridades dos Estados Unidos informaram que o número de vítimas fatais no país subiu para seis, todas no estado de Washington, com total de 21 casos, aos quais se somam outros 47 de pessoas repatriadas do exterior.
No continente americano, México, Brasil, Canadá, República Dominicana e Equador contam com infectados.
Na Coreia do Sul, o segundo país mais afetado depois da China, outros 600 casos e oito mortes foram confirmados, em um total de 4.300 contaminações, 26 delas fatais. O líder da seita, relacionada à metade dos casos do novo coronavírus no país, pediu desculpas pela responsabilidade de sua organização na propagação da epidemia.
– Risco de recessão –
A epidemia provoca o temor de uma crise econômica mundial.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu sua previsão de crescimento no mundo, de 2,9% a 2,4%, e fez um alerta para um cenário ainda pior em caso de agravamento da epidemia.
Os ministros da Economia e os presidentes dos bancos centrais dos países membros do G7 farão uma reunião telefônica na terça-feira (3) para coordenar ações diante da epidemia de coronavírus, informou nesta segunda o Departamento de Tesouro americano à AFP.
O comissário europeu do Mercado Interior, Thierry Breton, falou sobre um risco de recessão na Alemanha e Itália, enquanto que o comissário da Economia, Paolo Gentiloni, pediu uma resposta coordenada para apoiar a economia europeia.
As bolsas de valores sofreram as piores quedas desde a crise financeira de 2008.
Tóquio se recuperou na segunda-feira, assim como o mercado de valores chinês. As principais bolsas europeias fecharam nesta segunda-feira com performances diferentes, com Milão perdendo 1,5%.
Eventos esportivos e culturais também foram afetados pelo surto. O Museu do Louvre, um lugar emblemático do turismo em Paris, fechou nesta segunda-feira pelo segundo dia porque os funcionários pediram o direito de não trabalhar em caso de perigo.
A epidemia também afeta o calendário esportivo. O Grande Prêmio do Catar, programado para 8 de março, foi cancelado, e o da Tailândia, em 22 de março, adiado.
A OMS, que aumentou neste fim de semana para uma ameaça “muito alta” (máxima) do coronavírus, também informou que acreditar que se está protegido pode ser “um erro fatal”.
A OMS recordou que os sintomas são benignos para a maioria dos enfermos, importantes (pneumonias) para 14% e que apenas 5% das pessoas afetadas estão em condição crítica.
A taxa de mortalidade parece ser de entre 2% e 5%, segundo a OMS, que pediu à comunidade internacional que reúna dispositivos médicos de assistência respiratória, indispensáveis para tratar os pacientes afetados pela forma mais severa da doença.
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