(Corrige 4º parágrafo de reportagem publicada dia 27/01, para deixar claro que o Telegram não é aplicativo russo; começou na Rússia e agora tem sede em Dubai)

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o governo “está tratando” do caso do aplicativo de mensagens Telegram, que entrou na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ser a única rede, até agora, a não ter respondido aos pedidos para um controle da circulação de fake news.

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A fala do presidente veio depois de comentários de apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada. Um homem pergunta sobre o Telegram, e Bolsonaro responde: “É uma covardia o que estão querendo fazer com o Brasil.”

Em seguida, uma apoiadora reclama que estariam querendo “cortar a nossa comunicação”, ao que Bolsonaro diz que não vai comentar, mas responde: “A gente está tratando disso.”

Apesar de ainda usar ativamente outras redes como Twitter, Facebook e WhatsApp, o presidente e seus principais auxiliares, além de seus filhos, têm aumentado significativamente as postagens no Telegram. O aplicativo que começou na Rússia, e agora tem sede em Dubai, não limita tamanho de grupos, como faz o WhatsApp, e nem impede a distribuição massiva de mensagens.

Também não há, até agora, qualquer medida de controle de distribuição de fake news, mensagens de ódio ou semelhantes. O aplicativo não tem, até hoje, representação no Brasil, o que permite que fuja de determinações judiciais ou da ação da Justiça brasileira.

O TSE tenta uma cooperação com o objetivo de combater a disseminação de informações falsas, e o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, enviou um ofício ao diretor-executivo do aplicativo, Pavel Durov, pedindo uma reunião para tentar incluir o Telegram na negociação já feita com os demais.

Até agora sem sucesso, o TSE cogita, inclusive, barrar o Telegram durante as eleições brasileiras este ano.

Uma rápida busca no aplicativo mostra que o Telegram se tornou terreno fértil para notícias falsas e desinformação. Abundam grupos dedicados a temas como desacreditar as vacinas contra Covid-19, espalhar notícias sobre uma suposta nova ordem mundial comunista e outros temas negacionistas. Não existe nenhum controle sobre as mensagens.

 

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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