18/09/2017 - 12:12
A matéria publicada anteriormente tinha uma incorreção no último parágrafo. A informação correta é de que o conselho autorizou a busca por um diretor para a área financeira, e não que o conselho buscará este diretor. Segue o texto corrigido.
Com os filhos Wesley e Joesley Batista presos, o fundador do grupo JBS, José Batista Sobrinho, de 84 anos, vai voltar à presidência da companhia. O nome foi aprovado por unanimidade em reunião do conselho de administração na noite de sábado.
O argumento da família para esse movimento é que Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, dará “estabilidade” à empresa, cumprindo o mandato de Wesley, que se encerra em 2019, no comando da JBS.
Os Batista estavam decididos a indicar para o cargo Wesley Filho, filho de Wesley. Com isso, entrariam em rota de colisão com o BNDES, dono de 21,3% das ações do grupo, que queria Gilberto Tomazoni, presidente de marcas globais da JBS, como presidente interino.
O nome do fundador surgiu, então, como uma terceira via, por sugestão da J&F, holding controladora da JBS. Para a família, seria difícil levantar argumentos contra Zé Mineiro, por se tratar de um “símbolo” no grupo e não haver acusações contra ele. A conselheira Cláudia Santos, hoje a única representante do BNDES no conselho – a outra cadeira está vaga – transmitiu a ideia ao banco, que aceitou, por ordem do seu presidente, Paulo Rabello de Castro.
Por ser jovem, Wesley Filho, de 26 anos, seria alvo de críticas, avaliou a família. José Batista Júnior, o Júnior Friboi, irmão mais velho de Joesley e Wesley, teria dificuldades em assumir o cargo por ter seus próprios negócios. Além disso, a recomendação, na semana passada, de órgão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de que Júnior seja condenado por cartel para fixação do preço da carne, em um processo de mais de dez anos, o inviabilizava, segundo uma fonte.
Wesley Filho voltará dos EUA, onde comandava a divisão de carnes da JBS USA, para ocupar o cargo de diretor estatutário da JBS. A ideia é que ele, Tomazoni e André Nogueira (presidente da JBS nos EUA) formem um grupo de “liderança de executivos” e assessorem José Batista Sobrinho.
Diante da postura beligerante do presidente do BNDES na última semana, o fato de a representante do banco ter acatado o nome de Zé Mineiro foi recebido com surpresa. A eleição traz alívio ao clã Batista, pois pacifica os ânimos num momento delicado para a empresa. A avaliação é que o BNDES perdeu armas na tentativa de afastar a família do comando. Apesar disso, o processo de arbitragem, atualmente em curso, será mantido. O BNDES quer impedir que representantes da família no conselho votem em processos para responsabilizar Wesley e Joesley Batista por prejuízos causados à JBS.
Wesley está preso desde quarta-feira, acusado de uso de informação privilegiada para lucrar indevidamente no mercado de ações e de câmbio. Joesley, presidente da J&F, está preso desde o dia 10, acusado de omitir informações em seu acordo de delação premiada. Ao contrário da JBS, no comando do conglomerado, a sucessão não deve se dar dentro da família. A ideia é que executivos da J&F passem a ocupar a diretoria.
Em nota, a companhia informou que o conselho autorizou a busca por um diretor para a área financeira. “A escolha de um novo CFO (diretor financeiro) é um passo importante para fortalecer a governança”, afirmou Tarek Farahat, presidente do conselho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.