06/08/2018 - 12:12
A nota enviada anteriormente, no sábado, dia 4 de agosto, contém uma incorreção no terceiro parágrafo. A Petrobras ainda tem R$ 281 milhões de subsídio já contabilizado, relativo ao período de 8 de junho a 7 de julho, e não apenas R$ 281, como havia sido erroneamente informado. Segue o texto corrigido.
A decisão do governo de subsidiar o consumo de óleo diesel para acabar com a greve dos caminhoneiros beneficiou a Petrobras. Com a adoção de preços uniformes por todos os fornecedores do combustível, em linha com o mercado internacional, os importadores perderam competitividade para as refinarias da estatal. Até então, os concorrentes se beneficiaram das altas de preços momentâneos da companhia, nos períodos em que a petroleira optava por aumentar suas margens. Com o programa de subvenção e o fim dessa janela de oportunidade, os importadores perderam espaço.
Assim, a fatia de vendas da Petrobras passou de 79% em abril para 87% em junho. A estatal registrou R$ 590 milhões em subsídio pelo comércio de diesel no segundo trimestre. Esse valor, no entanto, ainda não foi pago pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), autarquia responsável pelo cálculo do ressarcimento aos fornecedores do combustível.
A empresa ainda tem R$ 281 milhões de subsídio já contabilizado, relativo ao período de 8 de junho a 7 de julho.
O governo editou em 31 de julho a Medida Provisória 847/18, renovando os termos da subvenção econômica ao diesel rodoviário até 31 de dezembro de 2018. O objetivo foi segurar o preço do diesel para o consumidor, depois que a greve dos caminhoneiros, deflagrada por causa dos ajustes diários do combustível, gerou desabastecimento e instabilidade no País, além de provocar a demissão do então presidente da empresa Pedro Parente.
De acordo com o atual presidente da estatal, Ivan Monteiro, o ganho de mercado em relação a outros importadores de diesel não deve continuar no resto do ano. Para ele, os agentes estão levando um tempo para avaliar as novas regras, mas devem voltar ao mercado.
“O que ocorreu foi uma primeira reação, uma redução do volume de importação, mas vai voltar à normalidade. O que a Petrobras espera é que haja uma saudável competição entre a Petrobras e os agentes de importação, em beneficio do consumidor”, disse Monteiro.
Os importadores cresceram no mercado interno de diesel nos primeiros meses do ano, quando a Petrobras praticava nas refinarias valores em paridade com o mercado internacional. Com a intervenção do governo, que utiliza para o cálculo do subsídio um valor de referência estipulado pela ANP, e não o valor no mercado externo, o negócio deixou de ser atraente.
Apesar de ainda não ter sido ressarcido com o subsídio, Monteiro disse considerar normal a demora do pagamento, devido ao grande número de notas fiscais que precisam ser conferidas. No caso da Petrobras, o número para o período contabilizado gira em torno das 20 mil notas, informou o diretor Financeiro e de Relações com o Mercado, Rafael Grisolia.
A empresa ainda avalia se vai aderir à terceira fase do programa para continuar recebendo o subsídio do governo. A primeira fase do programa abrange o período de 30 de maio a 7 de junho e a segunda fase de 8 a 31 de junho.
A demanda por diesel não está evoluindo em agosto na comparação com julho, de acordo com o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino. Ele explicou que a decisão de importar ou produzir no mercado interno é puramente econômica, e que às vezes vale mais a pena exportar o petróleo, cujos preços estão em alta e têm variado bastante, do que utilizar esse petróleo para produzir diesel nas refinarias brasileiras. “Trabalhamos com a melhor decisão econômica, às vezes é melhor exportar petróleo e importar diesel para atender o mercado interno”, afirmou.
Em junho, as refinarias da Petrobras operaram com aproveitamento de 81%, voltando ao patamar de 2016. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.