03/06/2025 - 15:54
Com o atual Programa de Desligamento Voluntário (PDV) dos Correios, a estatal prevê um volume de 3,7 mil empregados desligados, representando uma economia mensal de R$ 65 milhões, totalizando R$ 780 milhões em um ano.
+Prejuízo dos Correios mais que dobra no 1º tri e soma R$ 1,7 bi
Segundo fontes a par do tema, os Correios ainda estudam uma eventual reabertura das inscrições no PDV e eventual solicitação de extensão junto ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o que poderia ampliar essa economia para aproximadamente R$ 1 bilhão ao ano.
Um documento obtido pela IstoÉ Dinheiro mostra que o cenário projetado sobre o atual PDV – de R$ 780 milhões de economia – envolve:
- 1.176 funcionários dos Correios já desligados, representando uma economia, de aproximadamente R$ 20 milhões por mês, em despesas de pessoal, após o prazo de payback
- 2.716 funcionários inscritos, que, caso todos sejam desligados em junho de 2025, representarão uma economia de aproximadamente R$ 45 milhões de reais por mês após o payback
Isso, caso os todos os empregados atualmente inscritos sejam desligados no mês de junho, levando em consideração uma estimativa de um payback de 6 meses. Assim, a economia gerada será refletida nos resultados da estatal referentes ao ano de 2025.
O plano de desligamento voluntário da estatal tem validade até o dia 28 de julho deste ano.
Com um lançamento de novo Plano de Saúde Regional, a expectativa da gestão da empresa é que a reabertura traga uma adesão mais ampla – então se aproximando mais dos R$ 1 bilhão de economia estimados.
Correios tem meta de cortar R$ 1,5 bilhão em despesas neste ano
Conforme nota divulgada à imprensa nesta terça-feira, 3, a estatal tem uma meta de realizar um corte de despesas da ordem de R$ 1,5 bilhão no ano de 2025.
Entre as medidas adotadas, está a otimização da malha aérea, com a redução de cinco linhas e quatro trechos, gerando uma economia de R$ 1 milhão por dia.
A empresa alega que ‘a atual gestão enfrenta desafios herdados de anos de desmonte e sucateamento’, citando que entre 2019 e 2021 a média anual de investimentos foi de R$ 345 milhões.
“Desde 2023, esse valor mais que dobrou, atingindo R$ 750 milhões anuais, totalizando mais de R$ 2 bilhões aplicados em tecnologia, frota sustentável e infraestrutura”, diz a empresa.
Em 2024 os investimentos feitos pelos Correios totalizaram R$ 830 milhões, recursos ‘destinados principalmente à renovação da frota, à ampliação da infraestrutura operacional e a avanços em tecnologia da informação’, segundo a empresa.
Prejuízo mais do que dobra e chega a R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre
Os Correios encerraram o primeiro trimestre deste ano com um prejuízo de R$ 1,7 bilhão. O número mais que dobrou em comparação aos R$ 801 milhões registrados no mesmo intervalo de 2024.
Apesar do resultado, a estatal optou por não apresentar explicações específicas. Em comunicado, a empresa mencionou iniciativas para tentar reverter a situação, entre elas um plano de redução de custos estimado em R$ 1,5 bilhão no próximo ano e o lançamento de uma nova plataforma de comércio eletrônico chamada Mais Correios.
Entre as medidas em andamento, a companhia destacou ajustes na operação e a adoção de ações voltadas para renovação da frota com veículos menos poluentes. Além disso, negociações para fechar novos contratos em diferentes áreas também foram mencionadas, com o objetivo de melhorar a saúde financeira da estatal e manter a oferta de serviços.
A companhia fechou 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, conforme balanço divulgado em maio.
O número representa um salto considerável em relação ao desempenho do ano anterior, quando a estatal havia registrado perdas de R$ 597 milhões. Ou seja, o resultado negativo mais que quadruplicou em apenas 12 meses.
Boa parte desse rombo, segundo a própria empresa, está relacionada a investimentos que somaram R$ 830 milhões no período. Esses recursos foram direcionados para ações do Plano Plurianual e outras frentes de modernização e operação da estatal.
Além disso, os Correios apontam que a arrecadação foi prejudicada pelas novas regras de importação, popularmente conhecidas como ‘taxa das blusinhas’. Essa mudança, que começou a valer em julho, afetou a venda de itens de sites internacionais, setor em que a estatal costuma atuar fortemente na entrega.
Embora a receita líquida da companhia tenha somado R$ 21,4 bilhões em 2024, o valor ficou levemente abaixo do registrado em 2023, quando alcançou R$ 21,6 bilhões.
No entanto, o que pesou mesmo foram os gastos: as despesas dos Correios avançaram 7,9% no período, passando de R$ 22,3 bilhões para R$ 24 bilhões.