01/06/2005 - 7:00
Ecologia e responsabilidade social deixaram de ser modismos para se tornarem quesitos fundamentais na análise de um negócio. Hoje, companhias já são avaliadas com base nesses critérios, como faz o guia As Melhores de DINHEIRO, realizado em parceria com a Deloitte Touche Tohmatsu. O conceito conquistou até o mercado financeiro, muitas vezes mais interessado na frieza dos números do que na sustentabilidade de um empreendimento. O Banco Real, um pioneiro em iniciativas nessa área, anuncia novidades: a partir de julho, sua corretora vai emitir relatórios periódicos que avaliam os indicadores de responsabilidade social e preservação do meio ambiente de empresas listadas na Bovespa.
O projeto da corretora do Banco Real prevê a produção de análises de empresas de 15 setores da economia no período de um ano. No futuro, haverá relatórios independentes de cada companhia. De acordo com Michela Aimar, analista de investimentos que cuida do projeto, os papéis terão avaliações qualitativas. ?Daremos informações para que o próprio investidor dê nota para as ações de acordo com os aspectos que ele considera mais importantes para a sustentabilidade?, explica. O primeiro setor que será avaliado é o de papel e celulose. Para realizar o projeto, o banco se apoiou na sua experiência com o fundo de ações Ethical, criado em 2001. O Ethical foi o primeiro fundo de investimento brasileiro voltado apenas para empresas com bom desempenho ambiental e social. Desde seu lançamento, a rentabilidade acumulada é de 147% ? no mesmo período, o índice Ibovespa registra valorização de 116%. O Ethical exclui ativos de empresas de fumo, álcool, energia nuclear, material bélico, pornografia e jogos de azar.
No final do ano passado, o Itaú aderiu à moda e lançou o Fundo Excelência Social, baseado na mesma filosofia do Ethical, mas que não exclui nenhum setor industrial. Direcionado para o investidor de varejo, com aplicação inicial de R$ 1 mil, soma hoje patrimônio de R$ 20 milhões. Além disso, a Itaú Holding e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) fazem parte do restrito Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI World) desde a sua criação, há cinco anos. O índice da Bolsa de Nova York é considerado o mais criterioso do mundo na questão da sustentabilidade. Para participar dele, a empresa precisa, em primeiro lugar, estar entre as 2,5 mil companhias com maior valor de mercado na Bolsa de Nova York. Depois de passar por essa primeira seleção, a instituição responde a questionários detalhados sobre suas políticas sócio-ambientais e apenas 10% das mais bem avaliadas são incorporadas. ?A cada ano, a avaliação fica mais rigorosa e, para se manter no índice, a companhia precisa mostrar que evoluiu em relação ao anterior?, explica Geraldo Soares, superintendente de Relações com Investidores do grupo Itaú. O esforço vale a pena. Desde que entraram no DJSI até a semana passada, os papéis da Itaú Holding e da Cemig se valorizaram 797,90% e 308,98%, respectivamente. Ambos superaram o Ibovespa, que subiu 261,8% no período. ![]()