O interesse crescente do investidor brasileiro pela Bolsa de Valores injetou adrenalina na disputa entre os grandes bancos de varejo na área de corretagem. Isso significa investimento em tecnologia, contratação de novos profissionais e ampliação do espaço físico das corretoras. O objetivo é aprimorar os serviços e ganhar posições num mercado em franca evolução. A participação das pessoas físicas no volume total negociado na Bovespa aumentou de 21,9% para 25,4% nos últimos três anos. No mesmo período, o número de clubes de investimento saltou de 473 para 1.430. E teve início uma onda de aberturas de capital que levou 26 novas empresas para o pregão de 2004 para cá. Naturalmente, os bancos descobriram o filão e começaram a se movimentar para aproveitar as oportunidades.

Ao longo de 2005, o Itaú contratou 15 analistas de mercado. Até o fim deste ano, deverá recrutar mais 30, todos voltados para o atendimento do investidor pessoa física. O banco da família Setubal lançou também um programa de fidelização para os usuários do sistema homebroker (de negociação pela internet), no qual são oferecidos descontos e serviços exclusivos de acordo com o volume negociado pelo cliente. O resultado foi um crescimento de 26,8% da sua participação neste mercado no ano passado. ?Nossa meta é ser a melhor corretora do Brasil?, diz Roberto Nishikawa, presidente da Itaú Corretora. Para não perder mercado para o principal concorrente, o Bradesco também decidiu expandir seus serviços de corretagem. ?O maior banco privado do País não pode se contentar com uma corretora pequena?, diz Sérgio Oliveira, diretor-executivo da Bradesco Corretora. Entre os investimentos está a modernização do homebroker e a ampliação da equipe de analistas.

Avançado em relação aos rivais, o Santander Banespa já tem seu serviço eletrônico de compra e venda de ações posicionado em segundo lugar no ranking do segmento, atrás apenas do sistema da Ágora Sênior. Mas não se acomoda e promete para julho o novo visual de seu site para investidores. ?Primeiro, investimos em tecnologia, para deixar o sistema potente. Agora, o foco é o design?, revela Samuel Bosnic, superintendente-adjunto de Canais Eletrônicos do Santander. Fechando o pelotão de elite, o HSBC acaba de ampliar o espaço físico de sua corretora. O próximo investimento do banco inglês será na modernização da plataforma do homebroker. ?Estamos de olho no que a concorrência está fazendo e não podemos ficar para trás?, diz Sylvio Guerra, diretor da HSBC Corretora.

Com seu território ameaçado, as corretoras independentes preparam a reação. A Souza Barros, por exemplo, está desenvolvendo uma nova plataforma para seu homebroker, que permitirá operar ao mesmo tempo na Bovespa e na BM&F. E a Ágora caminha para a especialização no varejo. Recentemente, lançou um novo portal para esse mercado e vai investir R$ 5 milhões em tecnologia neste ano. ?Almoçamos e jantamos corretagem?, diz Cláudio Pracownik, diretor-superintendente da empresa. ?Estamos prontos para enfrentar os bancos.?

 

 

25,4 % é a participação das pessoas físicas no volume total negociado na Bolsa de Valores