13/04/2017 - 7:26
Para José Marcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio e economista da Opus Gestão de Recursos, o Copom até teria espaço para começar a promover um corte maior do que 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, mas a postura mais “conservadora” desta quarta-feira, 12, faz sentido em um momento de incerteza quanto à aprovação de reformas, como a da Previdência, e aos desdobramentos da Operação Lava Jato. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:
O Copom já tinha espaço para fazer cortes maiores na Selic?
Sim. A redução de 1 ponto porcentual já era esperada e acho que existe hoje espaço para fazer um corte um pouco mais rápido, mas a decisão de ontem não foi um erro. Creio que a intenção é jogar de forma segura, dado que o governo não sabe o que vai acontecer nos próximos meses com a aprovação das reformas, como a da Previdência, com os desdobramentos da Lava Jato e como a economia vai se comportar com tudo isso. O objetivo parece ser estender o ciclo de redução de juros até o fim do ano. Nesse cenário, o corte conservador faz sentido. De imediato, não há muito mais a ser feito para tentar reaquecer a economia além do corte de juros.
A taxa de juros deve encerrar o ano em que patamar?
A taxa de juros real continua alta. Minha equipe trabalha com uma expectativa de Selic entre 8,5% e 9% até o fim do ano. É importante destacar que isso só será possível porque o Banco Central que está aí não cedeu ao mercado e primeiro resolveu que a inflação teria de estar dentro da meta ainda neste ano. As críticas de que o corte deveria ter começado antes, em agosto de 2016, foram muitas.
A economia custará a reagir?
A reação ainda deve demorar, mas os indicadores estão bem mais claros nesse sentido – tirando o desemprego, que ainda deve aumentar e chegar a 13,5% ou 14%, antes de começar a estabilizar.
O governo estava sendo otimista demais, ao prever que a economia reaqueceria mais cedo?
O ministro da Fazenda sempre tem de ser otimista. Acho que o Henrique Meirelles imaginava um cenário mais favorável e uma parte do mercado achava que o PIB voltaria a crescer em 2016. Mas, dada a quantidade de loucuras feitas nos últimos anos, não é de se estranhar que demore. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.