A redução de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, deve ter impacto limitado no curto prazo, segundo economistas. Isso porque a trajetória de queda do juro deve ser lenta, e a população ainda está muito endividada – o que inibe a disposição dos bancos para conceder crédito.

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Reduções ou elevações na Selic normalmente levam de seis a nove meses para chegar efetivamente ao custo do crédito, e para que consumidores e empresas consigam tomar empréstimos pelo novo patamar dos juros. Uma taxa menor significa que o dinheiro fica mais barato, o que resulta em mais financiamentos para investimentos e consumo e, consequentemente, maior crescimento econômico.

Inadimplência

Mas como o corte na Selic foi “suave”, Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que o efeito para o consumidor será “marginal”. Além disso, lembra a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) Silvia Matos, a inadimplência ainda está em níveis considerados altos, o que também inibe a procura por crédito.

“Para as famílias mais endividadas, o crédito vai continuar caro, e o juro precisa cair muito para ficar mais barato e começar um novo ciclo de concessão”, diz a economista.

Em junho, de acordo com dados da Serasa, havia 71,4 milhões de pessoas “negativadas” no País, o que significa que 43,8% da população adulta deixou de pagar alguma dívida.

Mercado de capitais

Para as empresas, por outro lado, o impacto é mais imediato. A maioria delas costuma financiar o capital de giro atrelado à Selic e, assim, a partir de hoje elas já podem sentir um alívio, diz Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos. Contudo, observa ele, a taxa de juros para novos investimentos pode levar até nove meses para recuar.

No mercado de capitais, as empresas também não devem ver uma alta expressiva no preço das ações, já que os investidores há algum tempo davam como certa a queda no juro e, portanto, já incorporaram a mudança ao preço dos papéis.

O economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, destaca que as projeções para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano também já têm em conta o corte da Selic. Assim, não deve haver atualizações em razão da decisão do Copom.

O C6 estima que a taxa básica de juros termine o ano em 12%, e em 9,5% em 2024. Com base nesses números, projeta também que o PIB cresça 2,5% neste ano e 1% no próximo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.