O final do ano também é caracterizado pelo fato de muitas famílias realizarem o tradicional balanço das contas e a projeção para 2024. Segundo uma pesquisa realizada pelo Serasa Comportamento, em parceria com a Opinion Box, quando o assunto é equilibrar as contas, pelo menos 9 em cada 10 brasileiros buscam cortar despesas em busca de equilíbrio financeiro.

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Ainda de acordo com o estudo, em 73% dos lares brasileiros o assunto é discutido com frequência na mesa, com destaque, principalmente, para os estados de Roraima (81%), Piauí (79%), Amapá (78%), Acre e São Paulo com (77%).

Para o educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, Fernando Lamounier, o corte de despesas é, comumente, o último estágio que o poupador deve aplicar em suas finanças.

“É necessário um planejamento financeiro para organizar suas despesas com antecedência, e se possível fazer uma reserva de emergência para os meses com maior volume de gastos”, orienta.

O levantamento aponta também que, atualmente, o brasileiro se preocupa com a organização financeira. Ao menos 85% dos entrevistados admitiram ter o costume de realizar controles das suas finanças, sendo que 6 em cada 10 o fazem todos os meses, enquanto 11% diz que nunca fez um controle de gastos. Os estados acima da média neste sentido foram Piauí, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

Enquanto os brasilienses se preocupam mais em não se endividar (51%), os mineiros, por exemplo, preferem ter uma reserva de segurança (45%). Já os gaúchos buscam melhorar a gestão do seu dinheiro (46%) e os potiguares preferem quitar dívidas (36%).

“A organização de finanças tem como maior objetivo auxiliar esses consumidores a evitar o endividamento, ter uma reserva de dinheiro para casos de emergência e melhorar a gestão do uso do capital”, destaca Lamounier. 

Dentre as práticas de organização das finanças adotadas pelos brasileiros, é possível identificar um comportamento reativo dos consumidores, como o corte de despesas desnecessárias. Além disso, 72% fazem ou já fizeram reserva para investimentos ou poupança. Contudo, não existe uma cultura no País para se buscar cursos de educação financeira – prática adotada por apenas 3 em cada 10 consumidores.

Ainda com base nos dados divulgados pelo Serasa e a Opinion Box, 85% dos brasileiros passaram por pelo menos uma situação de desequilíbrio financeiro nos últimos 12 meses. Destes, 21% declararam que gastaram mais do que deviam, 20% renegociou o pagamento de alguma dívida ou parcelaram a fatura do cartão de crédito, 19% atrasou a fatura do cartão porque não tinha como pagar no momento, e 16% teve que priorizar uma dívida mais importante em relação a outra.

A busca por crédito é comum entre os consumidores, já que 3 em cada 4 brasileiros já contrataram esse tipo de produto em algum momento da sua trajetória financeira. 53% dos entrevistados usaram limites oriundos do cartão de crédito, que corroboram ao alto índice de inadimplentes no mercado, enquanto 48% optaram por empréstimo pessoal e 21% usaram créditos consignados.

“Os brasileiros vêm utilizando o crédito para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-os a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menor, quando na realidade, as pessoas estão apenas  antecipando as dívidas do próximo mês”, explica o especialista.

A motivação para pedir um crédito no mercado é, em sua maioria, para quitar dívidas (35%), limpar o nome de restrições em órgãos de proteção ao crédito (21%), para uma realizar uma despesa emergencial (19%), cuidar da saúde (12%) e fazer compra no supermercado (10%). A pesquisa revelou que os brasileiros mais otimistas estão no Amazonas, Pará, Roraima, e Amapá. Já Maranhão, Pernambuco e São Paulo apresentam os indicadores com maior pessimismo.

O especialista ressalta que, para se ter uma vida financeira saudável e não entrar no vermelho, é importante seguir alguns passos como mapear a renda total, separar as despesas fixas no seu orçamento, esquematizar as despesas variáveis e organizar as dívidas.