KIEV (Reuters) – A Rússia afirmou que reduzirá o fornecimentos de gás à Europa a partir da quarta-feira, num golpe aos países que apoiaram a Ucrânia, enquanto ataques com mísseis nas regiões costeiras do Mar Negro geraram incertezas sobre se a Rússia manterá um acordo para permitir as exportações de grãos da Ucrânia.

Os primeiros navios da Ucrânia podem zarpar em alguns dias, segundo o acordo fechado na sexta-feira, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), apesar de um ataque com míssil da Rússia contra o porto ucraniano de Odessa no fim de semana. Um porta-voz da administração militar disse que outro míssil atingiu a região de Odessa na manhã de terça-feira.

O aumento do preço da energia e a ameaça de fome a milhões em países mais pobres mostram como o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, agora em seu sexto mês, está causando um impacto muito além da Ucrânia.

Países da União Europeia aprovaram nesta terça-feira uma proposta de emergência enfraquecida para diminuir sua demanda de gás, tentando gradativamente reduzir o uso de energia russa e se preparar para um possível corte total.

O Exército ucraniano relatou nesta terça-feira ataques com mísseis russos no sul e que forças ucranianas haviam atingido alvos do inimigo. Serhiy Bratchuk, porta-voz da administração militar em Odessa, disse a um canal de televisão ucraniano que um míssil atirado da direção do Mar Negro havia atingido a região, mas não deu informações sobre número de mortos.

Ao leste de Odessa, ao longo da costa do Mar Negro, infraestrutura portuária em Mykolaiv foi danificada por um ataque, segundo o prefeito Oleksandr Senkevich.

O Ministério da Defesa da Rússia não respondeu em um primeiro momento a um pedido por comentário, feito fora do horário comercial.

A gigante russa de energia, Gazprom, citando instruções de um órgão supervisor da indústria, disse na segunda-feira que o fluxo de gás à Alemanha por meio do oleoduto Nord Stream 1 seria reduzido para 33 milhões de metros cúbicos por dia a partir de quarta-feira.

É metade do fluxo atual, que já está em cerca de 40% da capacidade normal. Antes da guerra, a Europa importava aproximadamente 40% do seu gás e 30% do seu petróleo da Rússia.

O Kremlin afirma que as interrupções no fluxo de gás são resultado de problemas de manutenção e sanções do Ocidente. A União Europeia acusou a Rússia de usar energia para chantagem.

NAVIOS DE GRÃOS

Antes da invasão e das sanções subsequentes, Rússia e Ucrânia representavam quase um terço das exportações globais de trigo.

Autoridades de Rússia, Turquia, Ucrânia e ONU concordaram na sexta-feira que não haveria ataques contra navios mercantes se locomovendo no Mar Negro em direção ao Estreito de Bósforo na Turquia e aos mercados globais.

Moscou rechaçou preocupações de que o acordo possa ser prejudicado por um ataque russo contra Odessa no sábado e disse que visava apenas infraestrutura militar.

A Casa Branca afirmou que o ataque coloca em xeque a credibilidade da Rússia e estava observando de perto para ver se os compromissos estão sendo cumpridos.

(Reportagens de redações da Reuters)

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