Os corvos da Nova Caledônia, território francês no Pacífico sul, são conhecidos pela capacidade de usar galhos para confeccionar ganchos similares a nós de crochê que usam para capturar insetos, mas à medida que envelhecem, parecem ficam mais preguiçosos, revelaram cientistas em um estudo publicado nesta quinta-feira (7).

É então que as aves mais sábias e mais velhas recorrem a estratégias mais rápidas e menos elaboradas do que as adotadas pelos mais jovens, que se esmeram para confeccionar os ganchos com seus bicos.

Segundo o estudo publicado na revista Current Biology, os corvos mais jovens tendem a fazer cortes controlados em plantas e pedaços de pau usando os bicos, produzindo ganchos muito mais profundos.

As aves mais velhas frequentemente recorreram a um método mais descuidado, e simplesmente puxaram os galhos, produzindo ganchos mais superficiais.

“Suspeito que haja custos associados ao se fazer ferramentas que realmente têm ganchos profundos, e que adultos experientes podem evitar estes custos”, explicou à AFP o autor do estudo, Christian Rutz, professor de biologia da Universidade de Saint Andrews.

“Estes podem incluir tempo e esforço extras, exigidos para fazer ganchos profundos”, acrescentou.

Ainda que ganchos profundos possam ajudar os corvos a retirar insetos de buracos mais rapidamente, eles podem não ser os melhores em todos os contextos de captura de alimentos.

“Por exemplo, podem se quebrar mais rapidamente se forem inseridos em buracos muito apertados ou em fendas estreitas”, explicou Rutz.

Há anos cientistas se assombram com a incomum habilidade destes corvos em particular – endêmicos da Nova Caledônia – no que diz respeito à fabricação de ferramentas.

Embora golfinhos, elefantes, chimpanzés e outras aves também usem ferramentas, fabricar ganchos é uma habilidade especial.

“Pelo que sabemos só os corvos da Nova Caledônia e os humanos são capazes de fabricar ferramentas em gancho na natureza”, disse Rutz.

“A inovação em construir ganchos marca uma grande transição na evolução da tecnologia humana. Portanto estes corvos representam uma oportunidade fantástica de examinar como estes desenhos de ferramentas podem surgir e como as tecnologias podem avançar gradativamente a partir daí”, concluiu.