Sete após após ficar dividida por uma guerra civil, a Costa do Marfim comparece às urnas no domingo para uma eleição presidencial crucial que deve marcar a reunificação do maior produtor mundial de cacau e acabar com uma década de crise.

Esta eleição tem como candidatos o atual homem forte do país, Laurent Gbagbo, de 65 anos, seu mais velho rival político, o ex-presidente Henri Konan Bedie, de 76 anos, e o ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara.

Gbagbo, eleito em 2000, ainda está no poder, apesar de seu mandato ter terminado há cinco anos, período no qual a organização das eleições foi adiada por seis vezes.

O país está dividido em dois, com uma força militar de paz francesa e da ONU patrulhando uma região desmilitarizada entre o Norte, controlado pelos rebeldes das Forças Novas (FN), e o Sul, onde manda o governo de Gbagbo.

Desde 2007, quando foram alcançados os acordos de paz de Uagadugú, e apesar de confrontos ocasionais, um programa de desarmamento fez com que o governo marfinense do Sul voltasse a tomar o controle gradualmente de algumas regiões do Norte, ainda que as tensões continuem.

O comandante das Forças Armadas, o general Philippe Mangou, fez uma advertência na quarta-feira “a possíveis desordeiros e seus líderes neste período crucial da história da Costa do Marfim”, dizendo que não haverá esconderijo possível em caso de incidentes durante o dia da eleição.

Milhares de tropas foram mobilizadas pelo país para garantir a segurança das eleições. A campanha eleitoral não foi marcada por atos violentos.

Após uma década no poder, Gbagbo espera encontrar uma legitimidade renovada ante os eleitores.

Henri Konan Bedie, que sucedeu no poder o “pai da nação”, Felix Houphouët-Boigny, espera conquistar sua volta à presidência após o golpe de Estado, o primeiro do país, que o tirou do poder em 1999.

Outtarra, de 68 anos, ex-primeiro-ministro excluído das eleições de 2000 por um problema de nacionalidade, espera desta vez conquistar a presidência.

Outrora considerado um modelo de estabilidade política na África, a Costa do Marfim ficou à deriva esbanjando os lucros acumulados durante o “milagre marfinense”, conquistado quando o presidente Houphouet-Boigny dirigiu o país de sua independência em 1960 até sua morte, em 1993.

A adoção no mês passado das listas eleitorais desencadeou paixões nacionalistas e sobre identidade, como as que custaram a Outtara sua candidatura à presidência em 2000.

A comunidade internacional, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, encorajou as partes rivais a garantir que a eleição seja “aberta, livre, justa e transparente”.

O Conselho de Segurança impôs neste mês um embargo de armas e diamantes à Costa do Marfim, com a possibilidade de deixá-los sem efeito, caso as eleições se desenvolvam bem.

tmo/sba/ma