21/01/2022 - 17:16
Três em cada quatro hospitais privados do Estado de São Paulo relatam que o tempo médio de espera em atendimentos de urgência e emergência passa de duas horas para pacientes com suspeita de covid-19 ou síndrome gripal. Os dados evidenciam a pressão causada pela explosão de infecções com o avanço da variante Ômicron, mais transmissível.
O levantamento foi feito pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), com 81 estabelecimentos na capital e no interior entre os dias 12 e 19 de janeiro. Quatro em cada dez hospitais apontam uma espera de duas a três horas e 32% informam que têm filas superiores a três horas.
Todos os hospitais relatam que houve aumento no atendimento de urgência nos últimos 15 dias a pacientes com a covid-19. Em 60% dos casos, a demanda mais do que dobrou. Com boa parte da população vacinada e, ao mesmo tempo, alta transmissibilidade do vírus, a tendência é de pressão justamente nos atendimentos de urgência – a porta de entrada dos hospitais.
Só nos primeiros 19 dias do ano, o número de casos de covid em todo o Brasil (1.135.488) equivale a 30% do total de casos confirmados ao longo de todo o segundo semestre de 2021 (3.726.209). O número de casos nos primeiros 19 dias do ano já supera em 132% o total de casos confirmados no último trimestre de 2021 (859.596).
Pessoas com sintomas da covid-19 lotam os hospitais para testes de detecção da doença, consultas e para obter atestado médico. Boa parte dos casos são leves, graças à vacinação. No entanto, o altíssimo número infectados também leva, inevitavelmente, ao aumento de hospitalizações, em leitos clínicos ou Unidades de Terapia Intensiva (UTI), como mostram os dados do SindHosp.
Em mais de um terço dos hospitais privados de São Paulo, a taxa de ocupação de UTIs passa de 81%. Já a ocupação de leitos clínicos atinge esse mesmo porcentual em um quarto dos estabelecimentos.
Conforme o levantamento, quase metade dos pacientes com a covid-19 internados em UTIs está na faixa etária de 60 a 79 anos e 34% têm entre 30 e 50 anos. Já nos serviços de urgência e emergência, metade dos pacientes tem entre 30 e 50 anos e 30,5% dos pacientes estão na faixa etária de 60 a 79 anos.
Além da pressão de novos pacientes, os hospitais privados lidam com outros problemas como afastamento de colaboradores (38% dos hospitais) e a falta de testes para a covid-19 (20%). A maioria dos estabelecimentos tem dificuldade para repor os testes que detectam a doença.
Conforme o Estadão mostrou, a escassez de testes tem levado até redes públicas a restringir o acesso à testagem. Nesta semana, a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, informou que só tem testes para mais 15 dias e que, por isso, daria preferência aos casos considerados prioritários, como gestantes, pacientes com comorbidade e moradores de rua.