A ocorrência de miocardites nos quadros de Covid-19 preocupa os cardiologistas. A inflamação no músculo do coração pode ser causada por agentes infecciosos, como vírus, bactérias, protozoários e motivos não infecciosos, como drogas e radiação. Entre os sintomas, dor no peito, batimentos cardíacos anormais e falta de ar. O tratamento é feito com medicamentos para regular o batimento cardíaco e melhorar a função cardíaca. Em alguns casos, pode ser necessário um dispositivo para auxiliar o funcionamento do coração.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as miocardites são grandes causadoras de insuficiência cardíaca (IC), cardiopatia que atinge cerca de três milhões de brasileiros e representa um problema de saúde pública no mundo todo, sendo causa líder de internação e um grande desafio ao Sistema único de Saúde (SUS), principalmente com relação aos idosos.

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“Muitos casos aconteceram em pacientes hospitalizados e em outras pessoas, de forma mais leve. Inclusive, a miocardite pode ser ocasionada por uma reação pós-vacinal, geralmente uma condição leve que acomete mais indivíduos jovens do sexo masculino”, explica Evandro Tinoco Mesquita, diretor científico do Grupo de Estudos em Miocardiopatias (GEMIC) ligado ao Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC e vice-presidente da Sociedade Interamericana de Cardiologia (SIAC).

A cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da SBC, também alerta que há várias ligações entre a pressão arterial e a Covid-19. “Em 2020 ficou claro que a hipertensão arterial foi o fator de risco mais importante para a morte de pacientes com Covid-19”, afirma nota da SBC.

Segundo a instituição, no fim de 2021 e início de 2022, foi constatado que pessoas que não tinham nenhuma história de hipertensão arterial, mas que tiveram Covid-19 confirmada, começaram a apresentar pressão alta. Estudos recentes mostram que a Covid-19 facilita o desenvolvimento de hipertensão e de doenças crônicas, como a diabetes.

“A orientação é que os pacientes com hipertensão que estão com Covid-19 continuem seu tratamento, com boa adesão. Já as pessoas que não eram hipertensas e tiveram Covid-19, precisam vigiar a pressão arterial, seja logo após contrair o vírus, seja em médio ou até longo prazo, porque estudos indicam que os efeitos podem aparecer de algumas semanas a alguns meses”, explica Lucélia.

A SBC alerta que é fundamental verificar a pressão arterial, mesmo que não haja sintomas, porque a maioria das pessoas não sente nada. “E uma vez detectada a pressão arterial elevada, é necessário buscar acompanhamento, embora muitos não deem importância e acreditem que ela baixará sozinha, o que é mentira”, afirma a SBC.