No quarto ano da pandemia de Covid-19, surge uma nova subvariante da Ômicron, que evoluiu da XBB. A XBB.1.5 apresenta capacidade de escape da resposta imune e, diferente da XBB, tem uma mutação a mais, que facilita a infecção. “Os sintomas são os mesmos com quadro respiratório inicial que pode se agravar com falta de ar, dor no corpo tosse seca e nariz escorrendo. As alterações de olfato e paladar diminuíram”, explica a infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi.

Os infectologistas afirmam que, até o momento, a XBB.1.5 é uma das subvariantes mais transmissíveis e com aparente poder de escapar à resposta imune das vacinas iniciais, mas sem apresentar maior letalidade. “Não há motivo para alarme, mas precisamos acompanhar a evolução dos casos no Brasil e no mundo, além de investir em sequenciamento para identificarmos essa subvariante nas diversas regiões do Brasil”, afirma a infectologista Ana Helena Germoglio.

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O presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, explicou que semanalmente aparecem variantes diferentes em todo o mundo e que não há evidência de que a XBB.1.5 venha se tornar uma variante de preocupação ou que tenha mais gravidade. “Essas variantes ganham protagonismo por causa da maior capacidade de transmissão. Temos mais variantes do que ondas da doença em todos os países. Nem toda variante se traduz numa nova onda da doença. Isso depende de cobertura vacinal, uso de medidas não farmacológicas e quanto tempo a população foi vacinada. É preciso o monitoramento porque podem surgir variantes de preocupação nova e que escapem da vacinação”, disse o médico.

Os infectologistas orientam que a vacinação em dia e o uso de máscara são as medidas de prevenção da Covid-19. “As atualizações das vacinas e o uso da vacina bivalente contribuem para a redução de risco de óbito comparados aos não vacinados”, alerta Germoglio.

As vacinas atuais diminuem o risco de necessidade de hospitalização, da evolução para formas graves da doença e de morte. “As pessoas com vacinação completa têm menor risco de adoecimento, mas as vacinas não impedem a transmissão do vírus e as formas leves da doença. O bloqueio da transmissão se dá pelo uso de máscaras”, finaliza a infectologista Raquel Stucchi.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o quadro epidemiológico atual da doença é preocupante. “Persistem grandes desigualdades no acesso a testes, tratamento e vacinação. Todas as semanas, aproximadamente dez mil pessoas morrem de Covid-19”, disse, nesta quinta-feira (5), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em nota.

Segundo a OMS, a XBB.1.5 foi originalmente identificada em outubro de 2022 e já foi detectada em 29 países e parece estar crescendo rapidamente em algumas regiões. A China está passando por uma transmissão muito alta no momento.