Pessoas que foram infectadas pelo coronavírus têm mais chances de desenvolver “nevoeiro mental”, demência e epilepsia dois anos depois de ter covid do que em outras infecções respiratórias. 

A descoberta é de um estudo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e publicado pela revista científica The Lancet Psychiatry nesta semana.

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A pesquisa também mostrou que casos de depressão e ansiedade não aumentaram em pessoas que tiveram covid entre os anos de 2020 e 2021.

Apesar da necessidade de mais trabalhos para entender o motivo e como o coronavírus pode causar outras condições neurológicas, pesquisas feitas anteriormente já mostravam maior risco de doenças cerebrais seis meses depois que as pessoas tiveram covid. 

Mais casos de demência e “nevoeiro mental”

Os autores do estudo analisaram 14 tipos de distúrbios em 1,25 milhão de pessoas que tiveram covid há dois anos. Outro grupo, com o mesmo volume de participantes, também foi analisado, após terem sido infectados por outras condições respiratórias, como gripe ou resfriado.

Sendo assim, as pessoas que tiveram covid também apresentaram mais casos de demência, acidente vascular cerebral (AVC) e confusão mental, principalmente em adultos com mais de 65 anos.

Adultos entre 18 e 64 anos também apresentaram quadro de “nevoeiro mental” – termo usado para se referir a confusão e esquecimentos, como memória e raciocínio embaralhados. 

Também foi possível observar que crianças apresentaram mais casos de epilepsia e distúrbios psicóticos. No entanto, os riscos foram pequenos: de 260 a cada 10 mil pessoas. Porém, as chances foram maiores do que em crianças que tinham sido infectadas por outras doenças respiratórias (130 em 10 mil).

Apesar de raro, o aumento de transtornos psicóticos também foi observado após a covid, sendo 18 casos em cada 10 mil participantes.

Menos casos de ansiedade e depressão

Os autores do estudo perceberam que, dois anos após a infecção, alguns distúrbios eram menos frequentes, como ansiedade e depressão em crianças e adultos – que dura menos de dois meses antes de retornar aos níveis considerados normais.

O estudo ainda possui algumas limitações, e os cientistas preferiram não chamar essas condições de “covid longa”, mesmo que o nevoeiro mental seja um sintoma típico desse quadro.