14/04/2022 - 19:24
Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19, ainda é necessário continuar com os hábitos de combate ao coronavírus. Uma nova variante, identificada como Ômicron XE, chegou ao Brasil e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ser 10% mais transmissível que a subvariante BA.2.
Ainda não há informações sobre o impacto global da nova variante do vírus recombinante. A infectologista Ana Helena Germoglio explica que quanto maior a circulação viral e menor a taxa de população completamente imunizada, maior a chance do surgimento novas variantes no mundo.
“A certeza que temos é que elas vão aparecer. Só não sabemos quando, onde, nem o tipo de repercussão que terão na população. Por isso que a imunização tem que ser mundial. Não adianta o Brasil, Estados Unidos e Reino Unido com quase 100% de imunizados e bolsões na África com baixíssimos índices de imunização”, afirma a infectologista.
A Ômicron XE é resultado da combinação das sublinhagens BA.1 e BA.2. De acordo com relatório emitido pelo Instituto Butantan, a variante chegou ao Brasil em 6 de abril, no estado de São Paulo. Um laudo apontou a infecção de um homem de 39 anos, morador da capital paulista.
“Temos mais variantes sendo detectadas e a preocupação sempre existe porque nunca sabemos se serão variantes responsáveis por quadros leves ou graves e se a eficácia da vacina será mantida”, alerta a infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi.
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“Ainda não sabemos o potencial do surgimento de novas variantes, é por isso que ninguém decreta o fim da pandemia. O momento é de tranquilidade, mas não podemos dizer que é definitivo”, afirma Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Para os especialistas, a higiene ainda é a principal medida para conter o avanço do coronavírus.
“A higiene pessoal é, talvez, a maior ação que deve ser incentivada e comunicada, porque uma doença infectocontagiosa é transmitida quando a população se descuida”, afirma Rodrigo Stabeli, diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Ribeirão Preto (SP) e professor de Medicina na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Mesmo após a flexibilização nas medidas de segurança, como uso de máscara e evitar aglomerações, os cuidados devem continuar sendo seguidos. As recomendações dos especialistas é que as pessoas continuem usando, principalmente, o álcool 70%. “As medidas devem acontecer até termos certeza de que o coronavírus não é mais um vírus pandêmico”, diz Stabeli.
Ômicron BA.2
A sublinhagem Ômicron BA.2, que entrou no Brasil no fim de fevereiro, foi identificada em 69,3% das amostras de SARS-CoV-2 analisadas pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), entre 3 e 9 de abril, em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular.
O impacto da BA.2 tem sido diferente nos países: no Reino Unido houve aumento de casos e de hospitalizações e na África do Sul, não. “Aspectos demográficos e de imunidade populacional podem explicar esses padrões”, justifica o ITpS.
“É provável que, com a disseminação da BA.2 no Brasil, vejamos uma subida do número de casos, mas esperamos que ela não cause os mesmos impactos da BA.1, comportando-se de forma similar à substituição da Gama pela Delta. Precisamos aguardar e avaliar o cenário das próximas semanas”, afirma o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS, responsável pela análise.