11/09/2002 - 7:00
O discurso é de candidato, embora ele não admita publicamente. Mas alguns colegas dão como certa a candidatura de Eduardo Rocha Azevedo, o ?Coxa?, à presidência da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) na próxima eleição, em janeiro do ano que vem. Coxa não esconde seu desejo de voltar à Bolsa, porém nega que esse seja o momento certo. ?Não está fora dos meus planos, mas agora quero me dedicar a fortalecer minha corretora, a Convenção?, diz. Coxa foi o mais polêmico dirigente da Bolsa. Em 1989 enfrentou o especulador Naji Nahas no episódio que levou à quebra da Bolsa do Rio.
Azevedo está dando os primeiros passos para viabilizar sua candidatura. Há três semanas contratou uma assessoria de imprensa para cuidar de sua imagem. Também se prepara para adquirir um título patrimonial da Bovespa ? condição para voltar a negociar ações. Desde 1999, quando vendeu seu título, a corretora limitou-se a operar na BM&F. ?Vendi porque tinha sido condenado no caso Nahas. Mais tarde, provei que era inocente, porém acabei não voltando ao mercado?, diz. Para voltar à Bolsa ele precisa capitalizar a Convenção e se candidatar ao conselho ? só os conselheiros podem disputar a presidência. ?Meus inimigos vão ter que piar fininho com a minha volta.?
Mas o maior empecilho para sua candidatura é Raymundo Magliano Filho, o atual presidente da Bolsa. ?Somos amigos há mais de 20 anos. Seria incapaz de disputar o cargo com ele?, diz. Magliano diz que gostaria de continuar à frente da Bovespa por mais um ano. ?É o tempo de concluir o programa de popularização da Bolsa?, afirma. Porém cita o filósofo Norberto Bobbio: ?Quem se perpetua no poder pode perder a criatividade?.
Nos anos em que ficou afastado, Coxa abriu uma faculdade em Campinas. Passado o período de reclusão, se diz pronto para voltar. E afirma que nem mesmo uma suposta perseguição da Receita Federal pode intimidá-lo. ?Sou polêmico por natureza. Não devo nada a ninguém e não é a Receita que vai calar a minha boca.?