16/06/2016 - 15:25
Os recursos para a aquisição da AES Sul pela CPFL Energia virão parte de financiamento e parte de recursos próprios, disse o diretor presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr. “Temos já compromissados um acquisition finance de uma parte dos recursos dessa aquisição e temos recursos de caixa. Vamos fazer uma combinação dos dois para viabilizar essa aquisição no momento em que vier o fechamento”, disse o executivo.
De acordo com ele, mais da metade dos recursos virão de financiamento. Ele indicou que a perspectiva é de que um terço do negócio venha de capital próprio e dois terços de recursos de terceiros, mas disse que esse detalhamento ainda não foi fechado. O advisor da operação foi o Citibank.
A CPFL se comprometeu a pagar à AES Corp. R$ 1,403 bilhão pela totalidade das ações da AES Sul, que será acrescida de um montante de R$ 295,455 milhões referente a um aumento de capital realizado pela AES na concessionária gaúcha, totalizando R$ 1,698 bilhão. A transação também está sujeita a ajustes de capital de giro e dívida líquida em até 45 dias do fechamento do negócio. A CPFL também assume uma dívida da ordem de R$ 1,1 bilhão.
Ferreira Jr. salientou que a operação não deve afetar a alavancagem da companhia, pelo financiamento ao negócio. “Com essa aquisição, com o acquisition finance, e considerando o Ebitda da companhia, nos próximos doze meses não deveremos ter alteração significativa”, disse, lembrando que no último trimestre a relação dívida líquida/Ebitda estava em 3,4 vezes e caindo, tendo em vista a reversão da conta gráfica CVA. “O Ebitda do grupo é próximo de R$ 4 bilhões, consolidado, poderia tomar R$ 2 bilhões de dívida, e não é o caso, é irrelevante, olhando no tempo de um ano”, acrescentou.
Ferreira Jr. rechaçou afirmações de que a transação foi cara para a CPFL. Ele salientou o múltiplo sobre a base de remuneração regulatória (RAB, na sigla em inglês), de 1,5 vez. “Se for olhar por múltiplos adicionais que a CPFL utiliza, estão sempre acima de 2 vezes a 2,5 vezes, dependendo do momento de mercado”, disse. De acordo com ele, ser for utilizado o múltiplo EV/Ebitda normalizado em cinco anos, a transação também deve ser considerada como de criação de valor.
Investimentos da AES Sul
A CPFL Energia deve elevar os investimentos a serem realizados pela AES Sul, da média de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões ao ano, dos últimos três anos, para uma média de R$ 380 milhões a R$ 400 milhões ao ano. “É o nosso compromisso, aumentar bastante, acima de 50%”, disse Ferreira Jr.
De acordo com o executivo, os novos valores estão de acordo com o plano de recuperação que a distribuidora submeteu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Ferreira Jr. avaliou que os investimentos são uma boa oportunidade de geração de valor para a companhia, uma vez que tendem a ser incluídos na base de remuneração regulatória, em cima da qual há um retorno pela taxa de WAAC (custo de capital médio ponderado), acima de 8%.
Os investimentos devem ser destinados à melhora da qualidade do serviço. A AES Sul tem um índice de duração das interrupções de fornecimento (DEC) de cerca de 19 horas, segundo informou o executivo, acima das 16 horas anotadas pela distribuidora gaúcha já controlada pela CPFL, a RGE. O Número de consumidores atendidos é similar, de 1,310 milhão da AES Sul ante 1,450 milhão da RGE, a extensão territorial também é similar, de 90 mil a 100 mil quilômetros quadrados.
Sinergia
Ferreira Jr. salientou que a operação das duas distribuidoras gaúchas por um mesmo grupo deve melhorar a operação e trazer benefícios de sinergia, mas evitou divulgar uma estimativa de ganho, que deverá ser anunciada apenas no fechamento da operação. “É certo que existem sinergias, é certo que uma operação de duas companhias por um único controlador pode permitir sinergias de redução de custo, nós vamos fazer isso aqui no tempo correto, sem açodamento, de maneira a poder compartilhar esse resultado futuro”, disse.
O executivo sinalizou que a identificação de sinergias deve levar cerca de seis meses a um ano, mas a implementação poderá levar até dois anos para observar resultados.
A possibilidade de unificação completa das operações deve ser avaliada num futuro. “Esses processos têm que ser submetidos ao órgão regulador, vamos usar o órgão neste momento para aprovar a aquisição e para melhorias desse tipo vão ocorrer consultas na sequência”, disse.