25/05/2021 - 11:29
O início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado foi palco de uma nova briga entre o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL) e a base governista que integra a comissão. Nesta terça-feira (25), antes de iniciar a esteira de questionamentos à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, Renan abriu sua fala comentando sobre o Julgamentos de Nuremberg, que julgou diversos líderes nazistas após o fim da segunda guerra mundial.
Antes de terminar sua fala, no entanto, Renan foi interrompido por senadores governistas que viram na fala um “paralelismo” do relator. O coro de reclamações teve participação do senador Fernando Bezerra (MDB-PE), Marcos Rogério (DEM-RO), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e do filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Heinze, inclusive, aumentou o tom contra o relator, dizendo que a responsabilidade de 450 mil mortes do Brasil é daqueles que “negam o tratamento (precoce)”.
Com o tumulto que a fala inicial de Renan Calheiros causou, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), chamou a atenção do relator, dizendo que o que ele estava lendo ali não poderia ser usado como referência a ninguém ali. Renan concordou com Aziz e concluiu sua fala afirmando que não se pode comparar o holocausto com a pandemia no Brasil, mas afirmou haver uma semelhança “assustadora” no comportamento de algumas autoridades que prestaram depoimento à comissão com as que foram julgadas Nuremberg.
‘Julgamento da história’
Renan falou principalmente sobre o Hermann Goering, ex-número dois do regime nazista, que julgado, continuou “negando tudo, enaltecendo Hitler, apresentando como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte”, afirmou o relator, antes de começar os questionamentos a Mayra. “Deixo registrado nos anais desta comissão, inclusive como alerta para futuros depoentes, não importa o quanto possam tergiversar aqui, o julgamento da história é implacável”, concluiu.