13/04/2001 - 7:00
Disputar mercado com corporações multinacionais gigantes como IBM, Intel, Lucent e HP é uma das tarefas mais amargas que um executivo de informática pode ter pela frente. O desafio, porém, está sendo encarado com sucesso por Antônio Carlos Rego Gil, atual presidente da CPM, uma empresa brasileira que tem 49% do Bradesco e 51% de um fundo de investimento do Deutsch Bank. ?Realizamos qualquer projeto que envolva tecnologia da informação. Desde o desenvolvimento de softwares até a criação de infra-estrutura de banda larga?, diz Gil, 60 anos, veterano executivo dessa área, com longas passagens pela IBM, Sid e Lucent. Até mesmo a criação de conteúdos para sites de Internet faz parte dos negócios. ?Estamos capacitados a montar toda a estrutura de informação digital de uma empresa a partir do nada?, diz ele. Este tipo de empreendimento acabou sendo batizado pelo mercado como empresas de soluções ? uma palavra pra lá de abstrata, que diz muito pouco. O que a CPM e seus concorrentes se propõem a fazer é resolver qualquer problema tecnológico de uma companhia e ainda sugerir novos projetos. ?Recentemente, montamos toda uma companhia de call center, dos computadores até a interligação com a rede de telefonia?, explica o executivo. O negócio é tão promissor que a companhia já tem uma carteira de 220 clientes ? entre eles empresas como a Petrobras, Ambev, Varig, Unibanco e Embratel ? e deve faturar cerca de US$ 260 milhões este ano. O plano de Gil é crescer o suficiente para enfrentar concorrências até na Europa.
A CPM foi criada há 18 anos pelo empresário Arnaldo Albuquerque como uma companhia de software. O Bradesco entrou como sócio em 1985, com metade do capital. Apesar de ter adquirido respeito junto ao mercado ao longo dos anos, a companhia, sediada em São Paulo, sempre enfrentou altos e baixos. ?Era uma empresa sem disciplina. Faltava uma gestão profissional?, diz um analista do setor. Albuquerque acabou se desfazendo da empresa no ano passado, diante de uma proposta de aquisição de US$ 200 milhões apresentada pelo fundo de investimento liderado pelo Deutsche Bank ? que, aliás, dá cada vez mais atenção a companhias brasileiras. Os alemães acabaram por ficar com o controle e o Bradesco baixou sua participação para 49%. Depois da troca de donos, o desafio da CPM, que tem seis laboratórios de softwares e uma equipe de 2,5 mil funcionários, é enfrentar as grandes companhias de informática e de telecomunicações que também se especializam em solucionar problemas para seus clientes ? várias delas fabricantes de equipamentos. Gil nega que isto seja uma desvantagem para a empresa brasileira. É o contrário. ?Como não fazemos aparelhos, não temos compromisso com fornecedores, o que nos dá margens de negociação para montar o melhor sistema.?