26/07/2019 - 19:45
Os dados mais recentes do Banco Central mostram que segue em curso a mudança de perfil do mercado de crédito brasileiro. Enquanto o peso do financiamento com recursos direcionados vem diminuindo, a busca por outros instrumentos de crédito, como debêntures e notas comerciais, tem aumentado. Um dos resultados é que, no primeiro semestre de 2019, o saldo de crédito ampliado para famílias e empresas subiu 2,1% e atingiu R$ 5,420 trilhões, o equivalente a 77,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Em termos nominais, é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em 2013.
Em processo iniciado ainda no governo de Michel Temer, o crédito direcionado – aquele que utiliza recursos da poupança e do BNDES – vem perdendo espaço em relação ao crédito livre e ao financiamento feito por meio de outros instrumentos de crédito. Os dados do BC mostram que, em junho, o saldo total do crédito direcionado atingiu R$ 1,462 trilhão. No pico histórico, visto em janeiro de 2016, o montante chegou a R$ 1,590 trilhão.
Neste mesmo período – de janeiro de 2016 a junho deste ano – o saldo de crédito com recursos livres subiu de R$ 1,618 trilhão para R$ 1,834 trilhão.
Além de acessar mais o crédito livre, as famílias e, em especial, as empresas têm buscado recursos em outras fontes.
Os dados do BC para o crédito ampliado – que reúne informações sobre as operações tradicionais de crédito via Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das operações com outros tipos de títulos e certificados – mostra um avanço contínuo no saldo.
Os números sugerem que as empresas estão trocando o crédito tradicional pelo financiamento via títulos privados (debêntures e notas comerciais). Além disso, a dívida proveniente de títulos emitidos no mercado externo também tem sido trocada por títulos privados domésticos.
De agosto de 2018 (pico histórico) a junho deste ano, o saldo de crédito de famílias e empresas ligado a títulos emitidos no mercado externo caiu 41,2%, de R$ 188,6 bilhões para R$ 110,9 bilhões. No mesmo período, o saldo de crédito ligado a títulos privados (debêntures e notas comerciais) emitidos no mercado doméstico subiu 21,2%, de R$ 358,0 bilhões para R$ 434,0 bilhões.