02/08/2025 - 12:00
Em um cenário de alta expressiva da creatina em anos passados, não há uma expectativa do mercado para novas altas – ao menos no curto prazo. A CEO do Grupo Supley (Max Titanium, Probiótica, Dr. Peanut), Mariane Morelli, relata que o mercado vê o preço estacionando nos patamares atuais.
+Accenture acabou com cotas, mas ‘continua fazendo diversidade acontecer’, diz CEO
+‘Já tentei ter fábrica no Brasil, mas a conta não fecha’, diz Caito Maia, da Chilli Beans
“No caso da creatina, hoje eu vejo uma situação bem estável nesse pós-pandemia”, avalia, em participação no Dinheiro Entrevista.
“O preço explodiu porque, ao contrário do que se divulgava, do uso apenas para performance, muitos utilizaram a creatina para as pessoas que tiveram Covid, que ficaram internadas pra recuperação muscular dessas pessoas. Então, a creatina teve uma explosão mundial na qual as fábricas não conseguiam produzir a quantidade necessária de creatina para suportar a demanda, e aí vimos uma explosão na precificação”, completa.
Ao menos os produtos do portfólio da Supley, como a creatina da Max Titanium, já tiveram os repasses de preço referentes ao ano de 2025 feitos – ou seja, sem novos reajustes ainda em 2025.
Mariane Morelli relata que, em meio a esse contexto, a produção passou então a ficar ‘mais organizada’ e que a indústria teve um incremento de produtividade substancial para lidar com o aumento repentino da demanda.
A executiva frisa que a matéria-prima utilizada pela indústria tem influência do dólar – que teve fortes oscilações no fim de 2024 e início de 2025.
A visão é de que a proteína do soro do leite, utilizada para fazer o whey protein, tem um cenário ‘mais instável’, com variações em outras variáveis que podem ter impactos diretos.
Além disso, destaca que com a ‘febre das canetas’, como Ozempic e Mounjaro, a demanda tem aumentado substancialmente, dado o ritmo de emagrecimento e a predileção por alimentos mais doces pelos usuários do medicamento – tal como a orientação de usar o suplemento como forma de preservar o maior volume possível de massa magra.
Boom da creatina superou 100% de alta
O produto teve forte alta desde o ano de 2021, com preços praticamente triplicando em janelas relativamente curtas de tempo – com um cenário de alta demanda por produtos de saúde e bem-estar e uso do suplemento em casos de coronavírus.
No período pós-pandemia, um pote de creatina de 300g que antes era encontrado por valores em torno de R$ 40,00 a R$ 70,00, passou a ser comercializado por mais de R$ 150,00 e, em alguns casos, ultrapassando os R$ 180,00.
Essa variação reflete não apenas o custo do insumo, mas também o repasse de outros custos ao consumidor.
Além da alta demanda, vale destacar que a produção de creatina é um processo químico complexo e concentrado em poucos países, principalmente na China – e as restrições impostas pela pandemia impactaram diretamente a capacidade de produção e a disponibilidade no mercado internacional.
Supley avançou com M&As
Nos últimos anos, o Grupo Supley avançou por meio de aquisições que ampliaram seu portfólio e reforçaram sua atuação. Em 2018, comprou 100% da Probiótica, que até então era da farmacêutica Valeant. A transação foi essencial para posicionar o grupo como o maior laboratório do setor na América Latina, com cerca de 25% do mercado brasileiro.
Já entre o final de 2022 e o início de 2023, a Supley adquiriu metade da Dr. Peanut, marca paranaense conhecida por suas pastas de amendoim e produtos voltados para alimentação saudável.
À época, a marca movimentava cerca de R$ 80 milhões por ano. O uso da estrutura e da rede de distribuição da holding ajudou a elevar o faturamento da Dr. Peanut, que, em 2024, se aproximou de R$ 200 milhões.
No começo de 2025, o grupo concluiu a compra dos 50% restantes da Dr. Peanut e assumiu o controle total da operação. O plano é investir cerca de R$ 30 milhões na marca. Os detalhes financeiros da aquisição não foram divulgados.
Sediado em Matão, no interior paulista, o Grupo Supley nasceu com a criação da Max Titanium, em 2006. Com o tempo, foi se transformando em uma holding com atuação mais ampla, posicionando-se como um hub de marcas voltadas à suplementação e nutrição esportiva.
A empresa encerrou o ano de 2024 com receita acima de R$ 1 bilhão. Entre os produtos mais conhecidos estão os whey proteins, creatinas, hipercalóricos, pré-treinos como Horus e Égide e barras proteicas.
Além de Mariane Morelli na liderança, o grupo tem como sócios os irmãos Carlos Philipe Moretto e Alberto José Moretto. Os três fundaram a Max Titanium e hoje compartilham a gestão do conglomerado.