18/01/2019 - 15:48
O crescimento da economia chinesa, em fase de desaceleração, deve ser o mais fraco em quase três décadas em 2018, um ano marcado pela queda da demanda interna e pela guerra comercial.
Segundo a média das previsões de 13 analistas questionados pela AFP, o Produto Interno Bruto (PIB) da China deve crescer 6,6% em 2018. A taxa é 0,1 ponto superior à meta do governo.
O resultado oficial será publicado na segunda-feira (21).
Essa expansão anual, embora próxima da de 2016 (6,7%), é a mais baixa desde o péssimo ano de 1990 (3,9%).
De acordo com estes analistas, no período entre setembro e dezembro, o crescimento foi de apenas 6,4%, confirmando uma desaceleração contínua.
“A China já não está em seu melhor período. O crescimento terminou em 9%, 10% ou mais”, comenta Jean-François Huchet, professor de Economia da INALCO de Paris.
“Hoje voltamos à normalidade, um PIB em alta de 6% ou 7%. Sabemos que existe uma desaceleração econômica e tudo contribui para que estejamos abaixo de 5%”, acrescenta.
“A produtividade baixa, as disputas dos Estados Unidos, a necessidade de fazer os serviços evoluírem e de reduzir os investimentos. Inclusive a curva demográfica já não é o que era e tem um impacto negativo no crescimento”, enumera.
– ‘Espada de Dâmocles’ –
Se a guerra comercial sino-americana foi um elemento que marcou o ano passado, parece que só penalizou a economia chinesa perto do fim do ano.
Alguns exportadores, que anteciparam a entrada em vigor em 2019 de novas altas de tarifas nos Estados Unidos, aceleraram os envios. Além disso, a desvalorização do iuane absorveu o custo das primeiras levas de tarifas impostas por Washington.
Segundo Björn Giesbergen, economista do Rabo Bank, esta guerra comercial “continua sendo uma espada de Dâmocles para a economia chinesa”. “Seu impacto só foi visto no final dos últimos meses de 2018”.
Em dezembro, as exportações chinesas, expressas em dólares, recuaram 4,4%.
– Estimular o consumo –
O principal, contudo, é que as importações da China caíram 7,6% – sinal de uma demanda interna mais fraca.
Indicadores recentes, como encomendas e vendas a varejo em declínio e uma queda histórica nas vendas de automóveis, comprovam isso.
Björn Giesbergen estima que dois fatores “exerceram uma pressão para baixo no crescimento”: as medidas adotadas no começo de 2018 “para reduzir o crescimento excessivo do crédito e os investimentos”.
Os economistas da Fitch Ratings concordam. Para eles, “a desaceleração reflete principalmente o impacto tardio das medidas de restrição do crédito. A pressão exercida sobre o sistema bancário paralelo (não regulado) teve um impacto muito significativo nos investimentos em infraestruturas”.
Estas medidas buscavam reequilibrar a economia, voltá-la mais para o consumo, os serviços e a tecnologia e tentar diminuir o endividamento colossal do país. A dívida privada e pública representa mais de 250% do PIB.
Mas no segundo semestre de 2018, as autoridades chinesas relaxaram sua posição para estimular a atividade econômica. A taxa de reservas compulsórias dos bancos foi reduzida quatro vezes para incentivar o crédito e o governo cortou uma série de tributos.
Nesta sexta-feira, as autoridades anunciaram que tomarão medidas para incentivar o consumo, segundo a Xinhua.
“A economia funciona de maneira estável em geral, mas há mudanças e desenvolvimentos perturbadores, com um ambiente externo complexo e severo, e uma incerteza maior”, de acordo com um comunicado oficial, citado pela Xinhua.