02/09/2022 - 11:56
Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) – Os empregadores dos Estados Unidos contrataram mais trabalhadores do que o esperado em agosto, mas o crescimento moderado dos salários e um aumento na taxa de desemprego para 3,7% podem aliviar a pressão sobre o Federal Reserve para que entregue um terceiro aumento da taxa de juros de 75 pontos-base este mês.
O relatório de emprego do Departamento do Trabalho desta sexta-feira também mostrou uma queda na semana média de trabalho. O aumento da taxa de desemprego ocorreu quando mais de 700 mil entraram no mercado de trabalho, elevando o tamanho da força de trabalho a um nível recorde. A força geral do mercado de trabalho ressalta a resiliência da economia, apesar da antecipação de aumentos de juros pelo banco central norte-americano, que tem elevado o risco de recessão.
O Departamento do Trabalho informou que foram abertas 315 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado. Os dados de julho foram revisados ligeiramente para baixo para mostrar criação de 526 mil empregos, em vez de 528 mil, conforme relatado anteriormente.
Agosto marcou o 20º mês consecutivo de crescimento do emprego, que está agora 240 mil vagas acima do nível pré-pandemia.
Economistas consultados pela Reuters previam criação líquida de 300 mil vagas de trabalho em agosto, com as estimativas variando de 75 mil a 450 mil.
O amplo aumento nas contratações no mês passado foi liderado pelo setor de serviços profissionais e empresariais, que acrescentou 68 mil postos de trabalho. No setor de saúde, 48 mil empregos foram criados.
Os detalhes da pesquisa domiciliar a partir da qual a taxa de desemprego é derivada eram fortes. Embora a taxa de desemprego tenha aumentado para 3,7%, de uma mínima pré-pandemia de 3,5% em julho, isso ocorreu porque 786 mil pessoas entraram no mercado de trabalho.
O maior aumento desde janeiro colocou a força de trabalho de volta em tamanho recorde, superando máxima anterior de dezembro de 2019.
Como resultado, a taxa de participação na força de trabalho, ou a proporção de norte-americanos em idade ativa que têm emprego ou estão procurando por um, aumentou para 62,4%, de 62,1% em julho. A taxa permanece um ponto percentual abaixo do nível pré-pandemia.
O relatório de emprego foi divulgado uma semana depois de o chair do Fed, Jerome Powell, alertar os norte-americanos sobre um período doloroso de crescimento econômico lento e possivelmente de aumento do desemprego, conforme o banco central dos Estados Unidos aperta agressivamente a política monetária para conter a inflação.
O Fed já elevou sua taxa básica em 75 pontos-base duas vezes neste ciclo, em junho e julho. Desde março, elevou essa taxa de quase zero para a faixa atual de 2,25% a 2,50%. Os mercados financeiros preveem uma probabilidade de aproximadamente 64% de haver novo aumento de 75 pontos-base na reunião de política monetária do Fed de 20 a 21 de setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Dados de preços ao consumidor de agosto com divulgação em meados deste mês também serão um fator importante para determinar o tamanho do próximo aumento de juros.
Com o aumento da força de trabalho, o crescimento salarial está desacelerando.
O rendimento médio por hora subiu 0,3% em agosto, após alta de 0,5% em julho. Isso manteve o aumento anual dos salários em 5,2% em agosto.
As horas médias trabalhadas caíram para 34,5 horas de 34,6 horas em julho. Isso pode ser um sinal potencial de que as empresas estão começando a reduzir as horas para os trabalhadores por causa da incerteza econômica.
(Reportagem de Lucia Mutikani)