15/07/2013 - 0:55
PEQUIM, 15 julho 2013 (AFP) – O crescimento da China desacelerou no segundo trimestre a 7,5%, um novo sinal da perda de dinamismo, o que deve reafirmar a meta oficial de estimular a demanda interna para dar novo impulso à segunda economia mundial.
A cifra oficial está de acordo com as estimativas dos analistas consultados pela AFP, que esperavam esta desaceleração depois dos 7,7% de crescimento no primeiro trimestre.
No primeiro semestre, a economia do país cresceu 7,6%, anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS). Em 2012, a China registrou crescimento de 7,8%, o mais frágil em 13 anos.
A contração do crescimento se explica pela queda da produtividade, ou seja, os mesmos volumes de investimentos já não geram a mesma rentabilidade de antes, assim como, por um “contexto internacional que continua sendo frágil e difícil”, o que penaliza os exportadores, explicou Sheng Laiyun, porta-voz da NBS.
A China registrou em junho uma queda inesperada de seu superávit comercial. Em outro sinal negativo, a NBS anunciou na segunda-feira que a alta da produção industrial chinesa desacelerou em junho a 8,9% na comparação anual, contra 9,2% em maio.
“Já são cinco trimestres consecutivos em que o crescimento chinês está abaixo de 8%, um sinal evidente de dificuldades” para o país, um dos principais motores da atividade econômica mundial, estimou Ren Xianfang, analista da IHS Global Insight.
Para os economistas do banco ANZ, esta desaceleração contínua do crescimento econômico gera dúvidas sobre a capacidade do país de alcançar o objetivo oficial, adotado em março, de uma alta de 7,5% do PIB em 2013.
O mesmo ministro das Finanças, Lou Jiwei, revisou para baixo esta previsão na quinta-feira, evocando “uma taxa esperada de crescimento do PIB de 7%”.
O porta-voz da NBS disse nesta segunda-feira que não deve haver nenhum problema para alcançar o objetivo de crescimento fixado para este ano.
A desaceleração dos últimos meses “também é fruto do resultado das reformas” adotadas pelas autoridades chinesas para reequilibrar a economia, ainda dominada amplamente pela indústria, ponderou o porta-voz da NBS.
Desde a posse, em março, do presidente Xi Jinping, a nova equipe se focou na recuperação do consumo interno antes das exportações ou dos investimentos, fatores tradicionais de crescimento na China.
O governo insistiu em sua vontade de limitar as ajudas às empresas públicas não produtivas, de reduzir um setor manufatureiro super-capacitado e em sanear um setor bancário lastrado por dívidas de pagamento duvidoso.
O exemplo desta determinação remonta a junho quando houve uma severa crise de liquidez e o governo interveio no mercado interbancário chinês, contribuindo para o endurecimento das condições de acesso ao crédito para as empresas. Um episódio que “colocou em evidência a extrema vulnerabilidade do sistema financeiro, penalizado por níveis de endividamento excessivo”, segundo Ren Xianfang.
As pequenas e médias empresas do setor imobiliário “serão as mais afetadas” pela restrição ao crédito, alertam os analistas da ANZ que também temem um aumento do desemprego “pela perda de competitividade da China nos intercâmbios internacionais” e de um fluxo “recorde” de jovens graduados que chegam ao mercado de trabalho.
Neste contexto “o governo poderia ser obrigado a flexibilizar um pouco suas políticas este ano para alcançar seu objetivo de crescimento”, informou à AFP Lu Ting, economista de Bank of America Merrill Lynch.
As vendas no varejo, que medem o consumo das famílias, aumentaram 13,3% na comparação anual em junho, pouco acima dos 12,9% de maio. Em todo o primeiro semestre, as vendas varejistas aumentaram 12,7%.
A economia chinesa continua apoiada nos investimentos em capital fixo, que aumentaram 20,1% no primeiro semestre.