Nos últimos 10 anos, o setor de saúde passou por grandes mudanças no Brasil, pautadas por fusões e aquisições de empresas. Um movimento que envolveu laboratórios de medicina diagnóstica, administradoras de planos de saúde e até hospitais. Neste contexto, tradicionais bandeiras, como Amil, Copa D`Or e Hospital Samaritano trocaram de mãos ou passaram a contar com um sócio investidor. Em meio aos desafios, as sócias-fundadoras do Sabin Medicina Diagnóstica, com sede em Brasília, se viram diante do seguinte dilema: expandir a atuação do Sabin para além do Planalto Central e se tornar um jogador ativo neste setor ou ficar parado e correr o risco de ser engolido pelas gigantes.  

Ao optar pela primeira opção, as bioquímicas Janete Vaz e Sandra Soares Costa, que fundaram a empresa em 1984, tiveram de implementar mudanças profundas, algumas das quais impensáveis em se tratando de empresas familiares. A começar por abrir mão da gestão do negócio, entregue a Lídia Abdalla, uma das executivas forjadas na cultura interna e que passou a ocupar o cargo de CEO.

Deu certo. Neste ano, o faturamento do Sabin deve crescer entre 15% e 20% em relação aos R$ 830 milhões de 2017, obtidos por meio de 235 unidades espalhadas por 11 estados das cinco regiões, onde atuam 4,4 mil trabalhadores. O montante expressivo para o patamar da economia brasileira é resultado de uma minuciosa estratégia, que incluiu um completo raio-X do negócio como base para um modelo de planejamento que privilegia a visão de longo prazo.

De certa forma, um resumo deste processo é o prédio que abriga a sede da empresa. Erguida ao custo de R$ 60 milhões, sendo metade do valor bancado com recursos próprios e o restante por meio de financiamentos, a unidade foi projetada para incorporar inúmeros preceitos da sustentabilidade. Tanto do ponto de vista ambiental, quando no que se refere à funcionalidade.

O esforço valeu a pena. O prédio acaba de conquistar a certificação Green Building Gold, também conhecido como selo verde. “Somos a primeira empresa do setor de análises clínicas a conseguir este certificado”, destaca Lídia. De acordo com a executiva, o edifício foi concebido para causar o menor impacto possível ao ecossistema. A começar pelo uso de recursos naturais, como água e energia.

Sistema de aquecimento solar e de calhas para aproveitar água da chuva, além do tratamento da água, permitem uma economia de 15% na conta de luz e a reutilização de 46% da água que abastece o complexo de 14 mil m² de área construída, situado próximo ao Parque Nacional de Brasília. Uma economia estratégica do ponto de vista do negócio. “Nós não fomos afetados pela grave crise hídrica que atingiu o Distrito Federal, ao longo de 2017”, destaca.

Depois de passar os últimos cinco anos investindo na aquisição de concorrentes de menor porte, situados em praças importantes, como Triângulo Mineiro, interior de São Paulo e Bahia, a nova orientação é reforçar o crescimento orgânico. Para isso, o Sabin está ampliando sua atuação para o nicho de exames de imagens, cujo tíquete médio é maior em relação aos clínicos. “Nossa meta é reunir em um só lugar um grande portfólio de produtos para atender melhor os clientes”, explica a CEO Lídia.