31/05/2017 - 20:26
O exorbitante crescimento populacional e consequente explosiva demanda por comida, água e espaço para moradia provocará uma extinção sem precedentes da fauna nos próximos 50 anos, alertaram especialistas nesta quarta-feira (31).
No topo da lista de espécies ameaçadas estão mais de 360 mamíferos africanos de grande porte de África, Ásia e América do Sul – as regiões que concentram a maior biodiversidade no mundo, conforme informações divulgadas na revista científica Nature Insight.
Porém, nem tudo está perdido: uma mudança drástica na dieta humana e métodos agrícolas podem ser alternativas para fornecer “dietas saudáveis” para 10 bilhões de pessoas até 2060, ao mesmo tempo em que preservará hábitats das espécies mais ameaçadas, concluiu o estudo.
“Com ponderação e ações pontuais, esses objetivos podem ser atingidos”, destacou.
Sucessivas ondas de extinção de espécies ocorreram com o desenvolvimento do homem moderno, desde sua saída do continente africano à colonização do resto do planeta.
Há 3.000 anos, a Terra perdeu metade dos seus mamíferos terrestres de grande porte — animais cujo peso chegava a mais de 44 kg –, além de 15% do seu número de aves.
A população humana atual, com sete bilhões de habitantes, é 25 vezes maior que a da época e estima-se que até o fim do século a humanidade terá mais quatro bilhões de bocas para alimentar.
Nos dias atuais, um quarto das espécies de mamíferos e 13% das aves já estão ameaçados de extinção, declararam os autores da pesquisa.
“As estimativas atuais de extinção para pássaros, mamíferos e anfíbios são similares às dos cinco maiores eventos de extinção em massa ocorridos nos últimos 500 milhões de anos, que provavelmente surgiram por causa de impactos de meteoros, atividades vulcânicas e outras forças cataclísmicas”, relataram.
Um desses eventos é tido como o responsável pelo desaparecimento dos dinossauros.
A caça, a sacrifício e a caça ilegal põem em risco cerca da metade do número de espécies ameaçadas, dentre elas os mamíferos e pássaros, indica o relatório.
Cultive melhor, coma melhor
Áreas de preservação ambiental agora ocupam 14% da superfície terrestre, mas ainda assim a biodiversidade declina mundialmente.
Em algumas partes do continente africano, por exemplo, a população de leões diminuiu a 10% do seu potencial por causa da invasão humana.
Entre os anos de 1970 e 1998, o consumo da carne de animais silvestres em Gana levou a uma diminuição de 80% da população de 41 espécies de mamíferos.
As ameaças à sobrevivência animal aumentaram em paralelo com o crescimento populacional e o aumento da renda disponível.
Mundialmente, seria preciso desmatar 710 milhões de hectares adicionais para atender à demanda alimentícia até 2060. Desse total, 430 milhões de hectares — quase a metade do tamanho dos Estados Unidos — estariam na África subsaariana.
Proteger as preciosas criaturas terrestres de tais perspectivas demandará a expansão e uma melhor gestão de áreas de preservação, argumentaram os pesquisadores.
“É preciso atender às práticas de caça e caça ilegal devem ser discutidas, por exemplo, ao fornecer às pessoas formas de subsistência e fontes de proteína alternativos”, acrescentaram.
Além disso, a produtividade agrícola — o cultivo produzido por hectare de terra disponível — deve aumentar por meio de técnicas que incluam a preservação da fertilidade do solo, e o uso de sementes mais resistentes às pragas e secas.
A alteração das dietas pode ter um impacto positivo, acrescentou o estudo.
Quanto mais dinheiro tem uma sociedade, maior a tendência que tem de esbanjar no consumo de carne e produtos de origem animal, açúcares e amido — produtos esses que necessitam de vastas áreas de terra e uma imensa quantidade de água para serem produzidos.
Os autores sugerem a inclusão de mais frutas, vegetais, nozes e sementes na dieta.